#

terça-feira, 16 de janeiro de 2018

A primeira depois da última


Passei o domingo todo em casa. Uma tarde inteira dedicada às leituras, ao sofá, à manta e ao Pepe. Às 19h decido calçar as sapatilhas e ir correr. As temperaturas eram mínimas, não tinha companhia, mas queria muito ir correr. Assim à primeira vista parece de loucos, mas senti mesmo necessidade de ir. Podia ter dado para pior.

Já não me lembro de quando tinha sido a última corrida, mas tenho ideia de não ter posto os pés na estrada nos últimos dois meses do ano pelo menos. Estava inscrita na São Silvestre do Porto - prova que queria muito participar -, no entanto, acabei por não ir. Também passei ao lado de um trail que estava nos meus planos. Deixei-me levar por um estado de espírito mais letárgico ao qual não é fácil dar a volta.

Apesar do frio até aos ossos, de não sentir a pontinha do nariz e as mãos de tão geladas, da dor de burro nos últimos dois quilómetros (com o frio tenho mais dificuldade em controlar a respiração), de terem sido apenas cinco quilómetros e do percurso não ter sido nenhuma novidade, cheguei ao fim com a mesma sensação de quem corta a meta. Pelo simples facto de ter sido mais forte do que o que me puxa para baixo, por ter desafiado a minha inércia, por ter encontrado a força de vontade de outrora e por me ter lembrado de como é bom correr e de como me faz sentir bem.

Correr é libertador. Deixa-nos com uma sensação boa de leveza. Não cura tristezas mas alivia. Dá alento. Não resolve problemas mas talvez desperte qualquer coisa no nosso interior que nos diz que somos mais fortes do que alguma vez pensámos. "Somos o nosso pior inimigo." Li esta frase num livro e ficou-me na memória. Sempre a interpretei como uma das verdades mais verdadeiras, mas hoje talvez lhe dê um sentido ainda maior.

Quis partilhar este desabafo com vocês, porque sei que vos passo alguma motivação, mas a verdade é que também eu tenho os meus momentos de ratazana deprimida em que não apetece fazer nada. Também eu cedo às minhas fraquezas. Somos humanos. Não dá para andar sempre na mó de cima. Mas não é por isso que vamos ser melhores ou piores. Não há que ter vergonha dos nossos momentos mais down. O importante é sabermos dar a volta, leve o tempo que levar. Mesmo quando tudo à nossa volta parece cinzento vamos tentar não esquecer que "nada é em vão, se não é bênção é lição" e que há sempre algo que nos faz sentir bem ao qual nos podemos agarrar. 




8 comentários:

  1. Ceder a essa tristeza também faz parte. E, por vezes, chego mesmo a pensar que precisamos disso, desse lado mais down. Mas depois é agarrar em tudo o que nos faz bem e dar a volta por cima.

    ResponderEliminar
  2. Concordo Andreia. Penso o mesmo. Hoje em dia há uma sede quase obsessiva de sermos muito ativos, modernos, radicais, viajarmos imenso, praticar desportos radicais, mudar constantemente de tudo. Mudar de carro, mudar a decoração do quarto, mudar, mudar, mudar. Nada disto é mau no entanto temos de o fazer porque nos apetece e não porque é moda. Na minha opinião por vezes temos também de parar. Ceder á preguiça. Respirar fundo. Nem todos somos feitos de constante mudança. Eu por exemplo gosto de rotinas. Gosto do silêncio, Gosto de estar sozinha. Gosto de não ter de fazer nada. Gosto de ter o cabelo igual há 20 e tal anos e de ter o meu quarto com a mesma decoração de há uns 15 anos. Também mudo, também viajo, também sou ativa (faço ginásio 4 x por semana). Mas pessoal, não temos todos de andar numa correria coletiva para sermos felizes....ou pior, para sermos aceites. Como dizes Andrei, ceder á tristeza também faz parte.

    PS: Isto é apenas uma opinião, não estou a responder diretamente a nada do post da Gata, ok?

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Não tenho blog e sou uma mera curiosa, por isso vou espreitando um blog e outro. Nunca respondi a nenhum comentário ou coisa que se pareça, mas pela primeira vez senti essa necessidade porque me revejo nestas palavras tão sábias...maldita sociedade dos tempos modernos que levam as pessoas a deixarem de ser elas próprias para serem fantoches aos olhos do mundo...

      Eliminar
  3. Também não calço as sapatilhas há uns bons (demasiados!) meses e ontem ao final do dia dei por mim a pensar que está na hora de regressar...precisamente porque também tenho a mesma sensação que tu depois de uma corrida e já sinto falta disso! ;)
    Beijinho
    Cris

    www.lima-limao.pt

    ResponderEliminar
  4. Gostei muito deste post! Hoje em dia quase que somos obrigadas a ser activas.
    É tão bom parar, descansar, estar no sofá e não fazer nada. Adoro ter os meus momentos sozinha! Alias preciso disso mesmo... faz me bem :)
    Em relação às corridas é um caso bicudo porque já o ano passado coloquei esse desejo na minha lista e não consegui concretizar. Está novamente este ano, vamos ver se consigo aventurar me! Gostava mesmo, gostava que o meu namorado me acompanha se porque ele não faz actividade física. Vou me esforçar! Prometo :)

    Beijinhos
    E.H

    ResponderEliminar
  5. Obrigada por este post! Principalmente o último parágrafo! Por essas ou outras razões todos temos esses momentos! Força!

    ResponderEliminar
  6. Ainda vou demorar algum tempo a dar volta à minha própria inércia, mas fico sempre feliz por ler as pequenas conquistas :)

    ResponderEliminar
  7. És linda minha gata ♥️ 👏🏻💪🏻👌🏻
    Forte e cheia de garra!
    Gosti
    Sarinha 😘

    ResponderEliminar