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sexta-feira, 28 de junho de 2019

Ponto de situação literário


Se falarmos em quantidade, não está a ser um ano espectacular, estou a ler o nono livro do ano (desta feita, Agatha Christie), o que significa que nem dois livros por mês dá, e a continuar assim não vou chegar ao número de livros lidos no ano passado. Mas, se por outro lado falarmos em qualidade, está ser um ano literário muito bom, com leituras gratificantes e descobertas de autores muito interessantes.

No que toca a romances, fiquei encantada com Carlos Ruiz Zafón e José Rodrigues dos Santos, cada qual à sua maneira. Carlos Ruiz Zafón tem uma certa magia na escrita e no enredo, oferecendo uma simbiose perfeita entre o romance, melodrama, intriga e suspense, além de uma certa dose de bom humor à mistura, já para não falar nos personagens tão peculiares e encantadores. Já José Rodrigues dos Santos tem a parte da investigação que aliada à ficção resulta numa leitura bastante gratificante. O romancista fascina e informa. É uma excelente sugestão para os amantes de romances históricos e de histórias baseadas em factos verídicos, uma vez que o autor consegue relatar de forma bastante profunda e cativante episódios marcantes da história do nosso país. Penso que a ideia do escritor/jornalista passa mesmo por resgatar, digamos assim, a história de Portugal, aspecto que talvez tenha contribuído para ser dos escritores portugueses contemporâneos a alcançar maior número de edições. Além dos romances históricos, o autor também escreve livros de mistério - os chamados "thrillers" que tanto me fascinam - onde dá vida às aventuras de Tomás Noronha.
Já no campo dos policiais, foi a Série Bergman que me deixou, e passo a expressão, completamente "de quatro" ao ponto de querer assim "munto-munto" ler os cinco volumes, não falando que quase cortei os pulsos quando dei conta que o segundo volume estava esgotadíssimo em todo o lado (mas já o tenho comigo, yeeeahhhhh, yupi yupi). Sem dúvida que é daqueles policiais de leitura compulsiva e que não desilude os amantes deste género de livros.

No inicio deste ano, aquando a minha retrospectiva literária de 2018 (podem ver aqui), dizia que não sabia se este ia ser o ano de Lev Tolstoi (para já não está a ser), mas que tinha em mente explorar autores como Richard Zimbler, Carlos Ruiz Zafón, Júlia Navarro, Kristin Hannah, entre outros. Richard Zimbler, Carlos Ruiz Zafón e Kristin Hannah: check. No "entre outros" está a Trilogia Millennium, por exemplo, que ainda não cheguei lá mas palpita-me que não passa deste Verão.

Aqui pelo estaminé apenas partilhei o meu feedback relativamente ao "Anjo Branco" de José Rodrigues dos Santos, no entanto, vou deixar mais abaixo o link dos livros que li até agora para que possam ler a sinopse e alguns comentários de outros leitores. Entre eles, está o "Tatuador de Auschwitz" que conta a história real e assombrosa de um homem que tinha como tarefa tatuar os prisioneiros, acabando por se apaixonar por uma das mulheres que foi obrigado a tatuar. De seguida li "Os Anagramas de Varsóvia", onde o cenário também é o Holocausto e a desumanidade que é do conhecimento de todos nós. Um thriller histórico em que a personagem principal pretende descobrir quem assassinou o seu sobrinho. Também li o "Três Pequenas Mentiras" que é da mesma autora do livro "O Pedido de Amizade", pelo que mal vi este seu novo lançamento o pensamento foi automático "tenho de ler", no entanto, confesso que não e cativou tanto. O registo é exactamente o mesmo - viagem entre o passado e o futuro das personagens -, mas a história em si deixou muito a desejar. Li "A Grande Solidão" e "O Grupo" muito por influência da Helena Magalhães e do seu "bookgang". Gostei bastante do primeiro, trata-se de um romance profundo e intenso sobre o amor e luta pela sobrevivência e retrata a relação tóxica de um casal. Posso dizer que foi o primeiro livro a arrancar-me umas lágrimazinhas. Quanto ao "O Grupo" temos uma espécie de "Sexo e a Cidade" nos anos 60 (a introdução do livro foi escrita por Candance Bushnell).

"A Sombra do Vento" de Carlos Ruiz Záfon (aqui)
"O Tatuador de Auschwitz" de Heather Morris (aqui)
"Os Anagramas de Varsóvia" de Richard Zimbler (aqui)
"A Grande Solidão" de Kristin Hannah (aqui)
"O Grupo" de Mary Mccarthy (aqui)
"Segredos Obscuros" de Michael Hjorth e Hans Rosenfeldt  (aqui)
"Três Pequenas Mentiras" de Laura Marshall (aqui)


quarta-feira, 19 de junho de 2019

BOOK | "O Anjo Branco" de José Rodrigues dos Santos


...entretém ao mesmo tempo que transmite conhecimento... 

Inspirado na história de vida do pai, este é um romance de José Rodrigues dos Santos sobre a Guerra Colonial e os portugueses em África, e auguro que tenha sido o meu primeiro livro de muitos a ler deste autor.

O protagonista da história chama-se José Branco, um médico que foi viver para Moçambique na década de 1960, que combate contra as barreiras politicas para exercer a sua principal função que é cuidar das pessoas, independentemente da cor.

Uma leitura que nos transporta de forma bastante clara e envolvente para um período histórico de acontecimentos marcantes que envolveram o nosso país: a Guerra do Ultramar, com especial destaque para a saúde precária bem como algumas das atrocidades cometidas em nome da pátria.

Longe de ser entediante, gostei muito da forma como o escritor abordou um tema denso e profundo como este, numa escrita simples, fluída e até com bom humor à mistura em determinadas passagens. Há substância, sente-se que houve um grande trabalho de investigação a fim de passar informação o mais real e credível possível, o que torna a leitura ainda mais interessante. Entretém ao mesmo tempo que transmite conhecimento, além de despontar alguns momentos de reflexão bastante enriquecedores. No entanto, achei que o livro terminou a modos que "às três pancadas" - houve partes que dispensavam tantos pormenores e outras que pediam desenvolvimento mas ficaram em aberto -, talvez seja o único ponto negativo, porque no geral gostei bastante do livro.

De maneiras que fiquei com imensa vontade de ler mais livros deste nosso escritor português, especialmente, a série Tomás Noronha que arranca com o "Codex 632", onde mais uma vez o jornalista aborda parte da história do nosso país, sendo, desta feita, Cristóvão Colombo a figura principal.


nota: ver sinopse e outros comentários aqui