"Comer é bom, mas sentir-me em forma é sensacional"

Não sou daquelas pessoas que pesava 90 kgs e que conseguiu o grande feito de perder 40, mas sou (era) o típico caso da "falsa magra" - aparentemente magrinha, mas a nadar em gordura por dentro - que comia algumas porcarias e que está a conseguir ter um corpo/vida mais saudável, o que para mim também passa por grande feito.

Quando a 22 de Janeiro deste ano cheguei ao pé da Maria pela primeira vez, estava com 61,4 kgs (e 4 desses quilos ganhos assim do "nada" e num curto espaço de tempo), com 25,8% de massa gorda, com 78 cm de barriga e 71 cm de cintura.

Ontem, foi dia de consulta e estava com algum "receio" já que em Julho não tinha feito o "controlo" e, entretanto, foram as jantaradas no Agitágueda, foram as férias, foram os Magnuns manteiga de amendoim, foram as tripas de chocolate, foram outros excessos alimentares (estive sem ir ao Mc Donalds uns quatro meses e só neste último mês devo ter ido umas quatro!!), foi muito pouco treino, mas a desgraça não causou grandes estragos (mas talvez os resultados fossem ainda melhores). Passados sete meses e um dia da primeira consulta, estou com 53,3 kgs, com 19,5% de massa gorda, com 76 cm de barriga e 66 cm de cintura.

Não sei, mas acho que perder gordura equivalente a um garrafão de água marca Continente cheio em sete meses é bom. Reduzir alguns centímetros de pança também. É verdade que nesta caminhada também perdi massa magra (coisa que dispensava), mas, segundo a Maria, ter perdido 2 kgs de massa magra em 8 que perdi no total não é nada de grave, muito pelo contrário, já que perdi bem mais gordura.

Pelo IMC estou dentro do peso normal, mas quase no limite de passar para o "baixo peso", pelo que agora a minha luta passa por ganhar massa muscular, chichinha da boa, nada de banha gelatinosa, coisinha tão ou mais difícil do que perder massa gorda. Por consequência, também acabo por perder mais umas gordurinhas e tenho como objectivo chegar ao Natal apenas com 15% de massa gorda.

Já tenho o meu plano alimentar adaptado às minhas novas necessidades - a Maria foi uma querida e aumentou-me a ração (ah! ah! ah!) - e, agora, não me resta outra alternativa senão dar-lhe forte no treino, essencialmente, de musculação.

A par disto, tenho os resultados das análises que fiz na semana passada. Já não fazia análises desde 2014 - quando devemos fazê-lo todos os anos - e estava com imensa curiosidade nos resultados, muito pela mudança de hábitos alimentares. E não é que isto de comer melhor faz mesmo toda a diferença na nossa saúde? Em 2014, por exemplo, o meu colesterol e triglicerídeos estavam um bocadinho acima do considerado normal (213 mg/dl e 171 mg/dl, respectivamente) e agora os valores desceram e estão dentro dos parâmetros (185 mg/dl e 90 mg/dl, respectivamente), pelo que não podia estar mais contente com a minha mudança de hábitos alimentares.

Estes resultados também desmitificam aquela coisa do "aiiiiiiiiiiiii comes muitos ovos e isso faz tãoooo mal ao colesterol, aiiiiii não devias comer tantos ovos, aiiiiiiii", comentário este que muitas vezes vem de pessoas que enchem o bandulho de carne de porco, molhangas, fritos e outros que tais, mas vêem num inofensivo ovo um crime alimentar. Mas não, minhas pessoas, andava a comer três ovos por dia e como vêem o meu colesterol está impec.

De facto, não podia estar mais orgulhosa da minha caminhada e não há dúvida que é a motivação que nos faz começar, mas são os resultados que nos fazem continuar. E mesmo quando os resultados demoram a aparecer, continuam a ser eles a nossa força para continuar e não desistir.

Há uns tempos uma menina partilhou comigo que esta coisa "fit" podia ser uma espécie de "obsessão", e que "tadinha de mim que nem uma bola de Berlim comi", e que não gosta de ginásio, e que tem tentado ter uma alimentação mais saudável, mas é uma "seca" porque adora comer (e eu bem sei que há coisas bem mais saborosas do que uma lata de atum, por exemplo). Acredito que há mais quem partilhe da mesma opinião, por isso queria tocar no assunto.

Optar por uma vida/alimentação mais saudável não pode (nunca em momento algum) ser visto como "obsessão". Tem tanto de "obsessão" como as pessoas que vão ao Mc Donalds todas as semanas, como as que comem chocolates todos os dias, como as que abusam nos fritos, como as que enfardam pão até mais não haver, como as que não saem do sofá e por aí fora. São estilos de vida (diferentes), maneiras de estar (diferentes), não uma "obsessão".

Eu sempre adorei desporto. Adoro ir ao ginásio. Gosto de sentir o meu corpo a trabalhar e a tornar-se mais forte, gosto daquela sensação de um bom treino, gosto de dar conta das alterações no corpo, gosto de desafiar-me e testar os limites do meu corpo e isso reflecte-se em mim, no corpo e mente. Pelo que a parte activa desta coisa "fit" não é, nem nunca foi um sacrifício.

A alimentação mais cuidada também não o é, a partir do momento em que temos um objectivo. Um foco. E no meu caso, tal como já partilhei, não senti grandes dificuldades em adaptar o meu corpo aos novos hábitos alimentares. Ressenti a mudança nos três primeiros dias (tinha larica e desejos), mas depois foi tranquilo, o organismo já estava domesticado, digamos assim.

E agooooora, como é que eu explico a parte em que não me custa (nem é sacrifício nenhum!) dizer "não" a uma travessa de batatas fritas, a uma ida ao Mc, a uma bola de Berlim, a croissants e a tantas outras coisinhas tão saborosas de comer? Bem, acho que para além do hábito (porque tudo na vida é uma questão de hábito) são os resultados. Quando vês os resultados no teu corpo não queres, simplesmente, ousar pôr tudo a perder e queres mais e melhor. É aquela coisa do "comer é bom, mas sentir-me em forma é sensacional". Depois, há ainda outro facto - que já tinha lido num livro e pude comprovar na minha pessoa -, quando adoptas uma alimentação mais saudável, há coisas (porcarias, vá) que comias e gostavas e que agora olhas e quase que te repugnam. Aconteceu-me, especialmente, com o Mc Donalds. Eu adorava e devia comer umas duas vezes por mês (às vezes mais). Hoje, o cheiro enjoa-me! Se este mês levei com Mc umas quatro vezes foi quase por obrigação, não tinha mais alternativas (viver nas proximidades de um, estar em arrumações até tarde e depois sem paciência para cozinhar...dá nisto). Mas agora, sempre que vou ao shopping, por exemplo, e se calha ser a "refeição do lixo", prefiro mil vezes deliciar-me com uma boa massada cheia de molhanga que, mal por mal, sempre é preferível em relação aos fritos. Noutros tempos era Mc, Mc, Mc... O mesmo aconteceu com a bola de berlim nas férias. Simplesmente, nunca senti vontade/desejo de comer. Porque caso sentisse, não tenham dúvidas que comia. Nunca disse que "não" a um delicioso Magnum manteiga de amendoim, por exemplo (ainda no domingo marchou um). Nunca disse que "não" a uma tripa de chocolate. Se me apetece como e pronto. Ninguém morre. O que acontece quando levas um estilo de vida saudável é que os teus "apetites" passam a ser outros e perdes o desejo de comer "porcarias". Não por completo, claro, até porque também é preciso alimentar a leptina. Mas acho que acaba por ser um ciclo - treinas, comes saudável, tens resultados, treinas, comes saudável, tens resultados, treinas, comes saudável, tens resultados -, ciclo esse que não queres quebrar.

No meio disto tudo, a motivação e força de vontade são muito importantes e meio caminho andado para conseguir o que se deseja. E claro que quem não tem o mínimo de interesse em comer melhor e/ou perder aquele "pneuzinho", nunca vai entender o que vai na cabeça desta gente armada em "fit". Mas acreditem que vai muito além do físico e da parte estética, é algo interior.

Tenho falado com algumas meninas sobre este lado da minha vida e saber que motivei alguém a ser mais activo, a ser mais saudável, a perder quilinhos a mais é sempre muito, muito gratificante. Por isso, quero dizer-vos que estão à vontade para falar comigo sempre que acharem que sim - é sempre bom partilhar experiências - e se vos puder ajudar, ainda melhor. Apesar de não ter sentido grandes dificuldades, bem sei que nem sempre é fácil perder peso e há quem sofra com isso, mas não desistam. A persistência é o melhor caminho para o êxito e, por vezes, são pequenos pormenores que poderão estar a dificultar o processo. O importante mesmo é não desistir e não perder o foco.

Keep strong.