Até parece mentira, mas ontem consegui a proeza de correr dez quilómetros, qual feito desportivo. Assim à primeira vista pode parecer insignificante para quem come maratonas ao pequeno-almoço, mas para mim foi uma grande vitória. Nunca na minha vida me passou pela cabeça que um dia ia dar-me para isto e, melhor, que ia conseguir. Mais depressa as galinhas ganhavam dentes.
Sempre gostei muito de desporto, a certa altura pensei mesmo em fazer disso vida, mas a corrida sempre foi o meu calcanhar de Aquiles. Porque dói nas pernas, porque dá dor de burro, porque o rabo pesa, porque quase vomito um pulmão, porque...é uma canseira dos diabos. Mas a verdade é que só custa começar e eu sou teimosa o suficiente para "se os outros conseguem, eu também tenho de conseguir".
Foi no mês de Maio que me decidi aventurar nestas andanças mesmo a valer. Não deu para ganhar ritmo porque, nos entretantos, comecei a entregar os convites para o casório, pelo que não houve tempo para estas coisas. Junho idem. Só no mês passado é que a "coisa" começou mais a sério. Consegui correr pelo menos duas vezes por semana e já sinto uma boa evolução. Depois da aula de pump ou jump, corria três, quatro ou cinco (muito raramente) quilómetros, mas nada mais que isso. Foi só na semana passada que comecei a sentir-me com fôlego para ir mais além. Na quarta corri cinco quilómetros e sentia-me com pernas para mais. Na quinta, e mesmo depois de uma puxada aula de jump, estreei-me nos oito quilómetros. Aguentei-me bem, mas, desta vez, senti-me mesmo no limite dos limites (quase à beira de um piripaque). No entanto, muito contente por ter batido o meu record e ter aguentado sem parar, mesmo com um quilómetro de subida intensa pelo meio, e depois de ter massacrado as pernas na aula de jump. E ontem... Ontem foram DEZ (palminhas para mim, faxabori)! Os primeiros da minha vida. É uma satisfação enorme! Os últimos dois quilómetros já os fiz de língua a arrastar pelo chão, mas fiz. Hoje, menos de dez é derrota.
A verdade, é que esta teimosia transformou-se num vicio, no meu mais recente pequeno prazer. É aquela vontade de superar objectivos, querer ir sempre mais além e sentir que o corpo corresponde. Não deixo de maldizer de tudo e de todos pelo caminho, mas já sinto que preciso disto. E aquela sensação indescritível que se sente no final? É só das melhores coisas (mesmo depois de proferir tantas e tantas car*lhadas mentais). Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhh, mas ainda estou bem longe de ser daquelas que acorda de madrugada para fazer a sua corridinha antes de ir para o trabalho. Lamento, mas de manhã quem me dá mais um segundo de cama dá-me tudo.
Ter companhia ajuda muito e se estiverem num nível mais acima ainda melhor, porque puxa mais por nós e obriga-nos a não desistir à primeira dor de lado ou sensação de pernas pesadas (és capaz de ir a espetar-lhes com uma grande seca porque não vão a um ritmo mais acelarado por pena de te deixar para trás, mas são pequenos pormenores). Beber muita água é fundamental. Não sei se se lembram da minha dificuldade em beber água em condições e da minha promessa de começar a fazê-lo, mas... A verdade é que continuava a não passar muito da meia litrada, isto, até começar nas corridas. Quando corria sentia sempre a boca super seca, o que é bastante desconfortável e meio caminho andado para desistir a meio da corrida. Foi desta que obriguei-me a beber mais água (fi-nal-men-te) e faz toda a diferença.
Gostava de não perder o ritmo, mas é o mais provável. Os meus companheiros de corrida vão de férias e a motivação para sair de casa e correr sozinha não é (de loooooooonge) a mesma. Para além disso, é mais difícil manter-me fora da zona de conforto e ser mais forte que o meu rabo pesado. Mas vou fazer um esforçozinho para continuar nas corridas até ao final deste mês, já que em Setembro, por mais que queira, não vou estar para aí virada. Depois...depois, só em Outubro, altura em que estarei de volta à estaca zero com muita pena minha. Mas tal como disse, só custa começar. Ahhhhhhhh mas depois vem o frio e a chuva, não é? Pois, se calhar as corridas estão mesmo com os dias contados. Think so.
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