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sábado, 20 de fevereiro de 2021

Tempos de cólera

"Nossa postura perante a vida é uma escolha. Ser feliz é uma escolha. Ser optimista é uma escolha. Ser generoso é uma escolha. Seja quais forem as suas escolhas, elas moldam quem você é. Escolha com sabedoria."

Todos os dias somos colocados à prova. Num mundo que parece estar a desabar lá fora é muito fácil perder o rumo e entregar o corpo à frustração e negação. Mas nós temos o poder de decidir onde queremos gastar a nossa energia, sendo apenas dois os caminhos possíveis: aceitar e fazer o melhor que podemos ou rejeitar e entrar numa espiral de profunda negação que, além de não nos levar a lado nenhum, torna o difícil ainda mais difícil.

O confinamento é, de facto, a medida eficaz para controlar o "bicharoco" que anda pelo mundo, mas tem o reverso da medalha, podendo ser uma medida violenta para quem tem que se submeter a ela, daí compreender quem se deixa levar pela inércia e pela dificuldade do momento, no entanto, continua a ser uma questão de escolha.

Cada caso é um caso, cada qual é cada qual, cada um com as suas vidas e as suas dificuldades, para uns pode de facto ser mais fácil de lidar do que para outros, mas há algo transversal a todos nós: o poder de escolha. Podemos escolher entre ser optimistas ou pessimistas. Entre agradecer o que temos ou reclamar pelo que não temos. Podemos escolher o caminho da resiliência ou entregarmo-nos de mão beijada à vulnerabilidade. Não quero com isto dizer que temos de ser todos uns super-heróis, como se não fossemos feitos de fraquezas, de todo que não. Apenas acredito na capacidade dos nossos pensamentos em transformar a nossa vida.

Talvez o facto de manter a rotina de sair de casa para trabalhar e não estar em teletrabalho ajude imenso, mas a verdade é que não me custa estar confinada. Quando desabafam comigo coisas como "estou a bater mal, estou farta de estar em casa, já não sei o que fazer, é uma seca" e outros que tais, chego a sentir-me um ET e a perguntar-me se não estou aqui a criar um pequeno bichinho do mato, de tão bem que me sinto dentro das minhas quatro paredes.

Sempre gostei muito de estar em casa, confesso que não é de todo um sacrifício para mim estar confinada, muito menos no Inverno. Afinal... Como chamar de sacrifício quando temos uma casa confortável para desfrutar? Quando temos internet e dezenas de canais de televisão? Quando temos panquecas com manteiga de amendoim e bolinhos para pôr no forno? Quando temos livros e tanto a explorar e aprender, e a ocupar o nosso tempo de forma útil?

É claro que sinto uma falta enorme dos meus amigos, de cumprimentar e abraçar sem hesitar, de conviver livremente, de jantar fora, de ir ao cinema, de bater perna no shops, de "esplanar", tomar café por aí, tirar uma noite para ir dançar e de tudo o que temos vindo a ser privados, mas...prefiro focar-me naquilo que tenho e não no que não tenho.

Dou-me por feliz todos os dias e agradeço à sorte e ao acaso não estar numa cama de hospital ou de precisar de serviços médicos por questões de Covid ou não, nem eu, nem a minha família. Isto sim, é o mais importante, porque havendo saúde temos tudo ao nosso alcance. O resto é uma questão de perspectiva. E de escolha. Energia positiva gera energia positiva. Vivemos uma situação onde a negatividade facilmente impera, mas sempre temos o poder de escolher e decidir que energia queremos vibrar.

Tentem encontrar algo, por mais simples que vos possa parecer, que vos faça sentir gratos. As pequenas coisas, sim, as pequenas coisas! Acho que nunca fizeram tanto sentido, nunca tiveram tanta importância, como agora. E não se esqueçam: somos mais fortes do que pensamos e mais resistentes do que imaginamos. Mas para isso é necessário uma coisa. Acreditar. Essa tarefa difícil que a vida nos impõe dia após dia. Acreditar é difícil, mas é assim que a magia acontece.


8 comentários:

  1. Adorei o texto !
    Tem muita razão no que escreveu

    Obrigada ❤

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    1. Fico muito contente que tenha gostado do que leu e espero ter conseguido transmitir algo de positivo.

      Eu é que agradeço ❤

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  2. Patrícia Baptista21 fevereiro, 2021

    Antes de mais: que saudades! Que saudades de abrir o explorador de internet e ter logo nos preferidos o blog. Não confundas: sou extremamente grata por tudo o que partilhas connosco nas redes sociais e aqui. Mas o bichinho pelo blog mantém se...
    Nostalgias à parte, somos dois ETs. Comecei este confinamento com uma cirurgia cardíaca e, consequentemente, uma baixa médica prolongada. Cá estou. Fechadissima entre o conforto de minha casa e do teletrabalho do maridão. Estamos os dois, no mesmo espaço, 24/24. É uma prova e todos os dias agradeço por ter a casa, o conforto, a saúde (em construção) e a pessoa que tenho ao meu lado. E, pasme-se, não sinto de todo que fico aborrecida em casa. Aproveitei para novas formações online, saí da minha zona de conforto no que toca à aprendizagem; fiz coisas em casa daquelas que "quando tiver tempo faço"; ponho imensos bolos ao forno e treino todos os dias.
    É mesmo uma questão de escolha: eu escolho o que me ocupa e me faz melhor. Doutra forma vamos ter que nos contentar com tratamentos médicos e consultórios de psicologia e psiquiatria.
    Escolher o que nos faz melhor nem sempre é fácil, mas é o necessário. E esse é que é o trabalho complicado: aceitar que é difícil.
    Um mega beijinho 💛

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    1. Tão bom sentir o teu carinho e perceber que ainda há quem tenha o bichinho da blogosfera =))
      És a prova de que é possível tirar partido das situações mais adversas e que está nas nossas mãos tornar qualquer fase menos boa o mais leve possível.
      Obrigada pelas palavras e espero muito que estejas bem de saúde e a recuperar dessa cirurgia.
      Um beijinho enorme e OBRIGADA ❤

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  3. Vera Sampaio21 fevereiro, 2021

    Este texto está simplesmente perfeito.
    Beijinhos

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  4. Olá Gata!
    Que saudades de vir a aqui ao blog que tanto gosto e que foi tão importante numa altura da minha vida. Como sabes sou um grande admiradora tua e foi o teu blog que me deu força para a minha fase de emagrecimento e a descoberta do exercício que tanto amo.
    Adorei o texto, acho que transmitiste exactamente o que penso. Eu amo estar em casa! Confesso que no primeiro confinamento custou-me muito pois estava em teletrabalho, mas este está a ser mais soft porque pelo menos tenho a rotina de vir para o trabalho todos os dias. O treino em casa não é igual, mas pelo menos dá-nos força para continuar e tenho treinado 6 dias por semana, entre WOD's por ZOOM e caminhadas. O que me custa mais é mesmo não poder estar com a minha família do coração (amigos) e com a minha família de sangue! Tenho tantas saudades. Com esta quarentena também estou a descobrir o gosto pela cozinha e imagina só este fim-de-semana fiz uma pavlova de doce de ovo e amêndoa! Fiquei mesmo orgulhosa! :)

    Um grande grande beijinho :)
    E.H (Eliana Henriques)
    P.S. Não podia faltar a assinatura que não anos usei! Ahahahah

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    1. Minha Eliaaaana!! =)
      O "E.H" está bem registado e até o blogger já tinha saudades de acordar com um comentário teu 😍

      Não sabes como é bom sentir as tuas palavras e saber que de facto contribui positivamente na tua vida. Acho que é dos melhores sentimentos, fazer a diferença na vida de alguém, mesmo que esse alguém seja um "desconhecido".

      Bem sei que o facto de não estarmos em teletrabalho ajuda muito, por isso gabo a capacidade de resiliência de quem está e mesmo assim consegue fazer por manter os níveis de sanidade mental bem lá em cima.

      Já faltou mais, vamos pensar assim!

      E essa pavlova, hum? Vamos falar sobre isso? 🤤🤤
      Como sabes, também tenho andado mais tempo enfiada na cozinha. Não tarde abro take away de bolinhos! 🤣

      Um beijinho grande e...OBIGADA ❤

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