Há histórias que nos deixam a pensar, e esta é uma delas. Não sei se já vos chegou aos ouvidos (pelo menos, até na tv foi noticia), mas o padre Francisco, de 43 anos (padre desde os 25), pároco de Oliveira do Bairro desde 2011, deixou o sacerdócio por se ter apaixonado. E não é o primeiro a fazê-lo já que, ao que parece, já lá vão 400 padres que nos últimos tempos abandonaram o ministério.
Ora, não querendo lançar o pânico, podemos ter já aqui um assunto para dar "pano para mangas" (calças, meias e cuecas). Afinal de contas, e logo a seguir ao futebol, o tema que mais discussões acesas pode provocar devido à sua ambiguidade, é a religião.
Eu sou católica. Mais ou menos praticante, mas para os católicos fundamentalistas e fanáticos, sou não praticante. E porquê? Porque já lá vai o tempo em que ia todos os domingos à missa. E este, é outro ponto relacionado com a religião que pode levar ao murro e puxões de cabelo, mas deixemos isso para outras núpcias.
Mesmo sendo católica, há pequenos-grandes pormenores à volta da igreja que me provocam uma certa comichão. E este caso, do padre que deixou de o ser, é um deles. Alguém que me explique, mas como se eu fosse assim muito burra (se calhar sou), porque é que um padre não pode viver um amor e constituir família? Então, e aqueles que têm os seus affairs secretos (que se descobrem sempre)? Aqueles que, nos intervalos dos momentos com Deus, vão mandar umas berlaitadas e ao outro dia estão a rezar a missa aos seus fieis cristãos? É preferível esconder ou assumir? Não entendo, juuuuuuuuuuuro que não entendo e coço-me toda até fazer sangue de neeeeervooooos.
Mas pergunto mais:
Porque é que a Igreja é tãoooooo quadrada?
Porque é que a Igreja não abre horizontes?
Será que esta pessoa, que foi padre durante treze anos (não é coisa pouca), deixou de ser uma pessoa do bem e com valores, e perdeu a aptidão para passar a mensagem com fé, só porque se apaixonou?
Então e aqueles padres que violam menores e cometem outro tipo de crimes?
A Igreja não une pessoas? Porque é que o sacramento do matrimónio está restrito aos padres? São menos que qualquer outro cristão? Ou são assim tão superiores e supra-especiais que o matrimónio chega a ser ofensa?
Será que se a Igreja não fosse assim tão rígida nos seus princípios, não teríamos mais padres? Não teríamos mais pessoas a pé às 8h de um domingo para ir à missa?
Posso estar enganada, mas acho que são cada vez menos as pessoas que sentem que têm esta vocação e que se entregam de corpo e alma à religião, com o objectivo de serem padres. E porque será? Será culpa dos cristãos ou culpa da Igreja que nos afasta? O que é que a Igreja tem feito (ou não) para não afastar os seus baptizados?
Uma série de perguntas que vos deixo e que, para as quais, gostava de ter a vossa opinião, tendo sempre bem presente que se trata de um assunto (muiiiiiiiiiiiiiiiiiiito) complexo.
Pequena nota: Perante a Igreja (não perante Deus, porque começo a achar que são dimensões distintas), espero não ter cometido nenhum pecado com este post. Quanto ao termo "berlaitadas", logo, rezo três Pai Nossos e três Avé Marias como forma de absolvição.