Eu sei que a Páscoa já vai longe e não tarda é Natal, mas contem-me cá: quem é que comprou roupa nova para estrear no dia de Páscoa, hum? Esta pergunta porquê? Porque o look que hoje partilho, à excepção do cabelo, foi o eleito para o dia de Páscoa e não tem nem uma única peça nova para amostra. O que não sendo nenhum feito extraordinário é caso para perguntar se estou doente.
Em criança, era muito comum os meus pais comprarem-me a chamada "roupa da Páscoa", ou a "roupa do Natal" ou a "roupa de uma-ocasião-especial-qualquer". Não é que não tivesse roupa nova fora de ocasiões especiais, mas não tinha com a mesma facilidade que tenho hoje já que, muito basicamente, se me apetecer comprar alguma coisa compro, senão apetecer não compro. Em criança não era quando eu queria, era quando os meus pais assim o entendiam. Daí achar que antigamente dávamos muito mais valor às coisas, até porque acho que um "não" enquanto crianças é muito importante na nossa formação enquanto pessoas e prepara-nos para o futuro, e diga-se que era uma alegria imensa quando se aproximavam as datas mais especiais porque sabia que ia ter direito a um miminho.
Mas bom, isto para dizer que eu mantive a tradição, religiosamente. Com dois meses de antecedência já sonhava com a "roupa da Páscoa". Chegava o mês da Páscoa, podia até já ter gasto meio ordenado em roupa e afins, que a aproximação do dia era a desculpa perfeita para uma nova ida às compras. Mas este ano foi diferente. Para além de não me ter apetecido comprar nada em especial, também não sentia necessidade disso. Isto dito por uma mulher mais parece anedota - nós estamos sempre prooooontas para bater perna no shops, certo? -, mas assim foi.
Chegado o dia nem pensei muito no assunto. Estava calor, sabia que queria algo fresco e leve, e que não queria vestir ganga. Abri os armários, fiz um check-up muito rápido e em menos de nada cheguei a este coordenado. Preto e branco nunca falha. Estive em vias de escolher os meus stilettos pretos, mas olhei para o lado e lembrei-me que há muito que não usava os meus lindos sapatunfos azuis. E eu adoro looks a preto e branco com um toque de cor assim forte. Para o remate final, o meu choker e as meias de rede. Os tais pormenores que fazem a diferença. Tudo peças antigas, mas senti-me igualmente gira, como se estivesse a usar tudo pela primeira vez.
Conclusão da história? Quantas e quantas vezes nos deixamos levar pelo espírito consumista e, ainda assim, quantas e quantas são as vezes que olhamos para o nosso armário e maldizemos "tanta roupa e nada que vestir"? É importante saber comprar, não comprar só porque sim, só porque é giro, só porque está na moda ou só porque a pessoa X usa, porque muitas vezes não sabemos o que fazer com a peça e fica para canto (muitas vezes ainda com a etiqueta - quem se acusa?) ou usamos uma vez e nunca mais. E...gastar dinheiro em roupa só para usar uma vez? A sério?! Que desperdício. O segredo (que não é segredo nenhum) é comprar racionalmente, saber escolher peças que nos permitem os mais variados coordenados, ter aqueles básicos imprescindíveis e ter uma ou outra peça de destaque. Somos mulheres, crises de armário vão existir sempre, mas se soubermos comprar menos e melhor a carteira agradece e as crises de armário deixam de acontecer "dia-sim-dia-sim" para acontecer "dia-sim-dia-não".