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Charlize Theron no filme Tully |
Depois das grandes estreias dos filmes nomeados para os Óscares, o cinema entra numa fase um bocadinho "nhé" e não há assim nada de muito bom em cartaz. Se bem que por um balde de pipocas não é preciso muito.
Ontem, a meio da tarde sucede a seguinte conversa:
Ele: Vais treinar hoje?
Eu: Hoje não!
Ele: Vamos ao cinema?
Eu: Simmmmmmmm! (com dois bonequinhos daqueles com corações nos olhos)
Mal sabia ele que lhe estava destinado um filme sobre as "maravilhas" da maternidade com direito a birras, fraldas com cocó e bombas de sugar leite penduradas nas mamas de uma Charlize Theron completamente diferente da boazuda Cypher que se pôde ver em Velocidade Furiosa 8 (wuUuaAAhhHh).
Já no centro comercial...
Ele: de certeza que não há um filme melhor?!?
Eu: não.
Ele: Podemos ir ver o Mundo Jurássico!!
Eu: Podíamos se o filme não começasse dentro de minutos e se não estivéssemos a jantar. (e se eu gostasse de ver filmes com dinossauros!!)
Ele: O filme é uma seca!! É da maneira que durmo. (risinho provocador)
Eu: ... (silêncio e um olhar fulminante)
Ele: A sala está vazia, o filme é mesmo bom!! (tom irónico, entenda-se)
Eu: Olha, chegaram mais duas pessoas!
Ele: Já somos muitos. (tom irónico, entenda-se)
Eu: ... (olhar de lado)
Eu: Olha, mais duas!
Ele: ... (olhar de lado)
Eu: Ahh..hh não, são as empregadas! (ah! ah! ah)
Não querendo dar-lhe total razão, o melhor do filme acaba por ser a transformação a que a actriz se sujeitou e a sua excelente interpretação. Se era mais fácil escolher uma actriz naturalmente gorda? Era, mas não teria com toda a certeza o mesmo impacto no espectador, não criava tanta curiosidade e o filme perderia grande parte do seu valor. Eu cá não consigo imaginar o que é ter de engordar vinte e tal quilos de uma hora para outra e abdicar do meu bem-estar, nem sei até que ponto pode ser mesmo prejudicial.
Obviamente que não foi a troco de cinco tostões, mas acho que, para além de muito amor ao que se faz, também é preciso imensa coragem e determinação para se aceitar engordar desta forma para desempenhar um determinado papel. Não foi a primeira vez que Charlize o fez, no entanto, segundo uma entrevista dada pela actriz, esta confessou que desta vez não reagiu tão bem à mudança drástica, sentindo-se em depressão pela dificuldade em perder peso, o que também acabou por afectar a sua saúde. Pelo que, atitude sensata ou não, é de louvar a coragem e o empenho em dar vida à sua personagem.
Temos então uma comédia dramática, onde Charlize interpreta Marlo, uma mãe com três filhos (sendo um deles recém-nascido e outro muito problemático) à beira de um esgotamento. Noites sem dormir, bebé a chorar, mudar fraldas, amamentar, um pai que não ajuda, vida de casal posta de parte, enfim, Marlo é uma mulher na casa dos 40 que no carrossel de uma vida familiar se esquece de si própria e entra em depressão.
Eu gostei do filme, mas acredito que muito boa gente o vá considerar chatinho e que ainda sejam pessoas para tirar um cochilo a meio. Também acredito que futuras mamãs saiam sem vontade de ter filhos (estou a exagerar!). Vale muito pela interpretação da Charlize, como já disse anteriormente, e pelo facto de retratar um aspecto tão presente e importante na rotina da vida real como é o caso da maternidade e, infelizmente, a depressão pós-parto é uma realidade. O final é um bocado inesperado e deixou-me ali uns segundos pasmada a olhar para o ecrã com o cérebro a processar, mas no geral vale o valor do bilhete.
Um filme que me chamou bastante a atenção naquela apresentação inicial de trailers e que deve valer a pena é o À Deriva (que entretanto estreou hoje). Retrata a história real de um casal de noivos que, em 1983, embarcou numa viagem de navio que viria a ser traumática. Fica a dica!
P.s.: e diz ele "nunca mais escolhes filmes".
Veremos! =D