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quinta-feira, 14 de abril de 2016

A mulher, o homem e a vida doméstica

Aquando uma pequena alusão minha ao Dia Internacional da Mulher aqui pela barraca, (de entre outras coisas) escrevi qualquer coisa como "somos capazes e conseguimos ser esposa, mãe, donas de casa, profissionais, socialmente activas, tudo ao mesmo tempo".Creio que esta afirmação desencadeou alguns juízos de valor e a certa altura senti um certo preconceito no ar à volta da palavrinha "dona-de-casa" do tipo "ai credo que ela passa a roupa a ferro, aspira a casa e esfrega a sanita, que coisa tão anos 60".

O tempo em que era o homem que trabalhava e a mulher ficava a tratar da casa e dos filhos já lá vai e eu que fui criada nesse ambiente nunca quis isso para a minha vida. Nos "antigamentes", era muito comum o homem não mexer uma palheira dentro de casa, nem para levantar o prato da mesa, já que passava o dia inteiro no "duro" e a mulher estava em casa (como se "estar em casa" fosse sinónimo de não fazer nenhum). Algo perfeitamente normal, mas atenção, para quem desvaloriza o significado de "dona-de-casa".

Tal como muitas leitoras partilharam, também eu sou a favor da divisão de tarefas e é isso mesmo que está institucionalizado cá em casa e nem podia ser de outra maneira. Ambos trabalhamos, ambos temos horários a cumprir, ambos temos stresses no trabalho, ambos temos dias mais cansativos que outros em que só nos apetece chegar a casa e cair no sofá sem ideias de sair tão cedo, enfim, ambos temos a nossa vida profissional. Neste sentido, a vida doméstica tem mesmo de ser partilhada e não faz qualquer sentido ser um ou outro a fazer tudo.

Depois há o bom senso. Se eu chego às 19h da tarde a casa e ele às 20h/20h30, não faz sentido eu estar à espera que ele chegue para vir fazer o jantar. Às vezes, lá acontece, por norma à sexta-feira (quando não quero deixar para o fim-de-semana), quando respiro fundo, benzo-me três vezes e agarro no ferro para detonar uma torre de roupa. Ele chega e como eu ainda estou de volta da roupa, ele mesmo orienta o jantar. Parece-me justo. Quando sou eu a tratar do jantar, às vezes, não sempre também é verdade, é ele que arruma tudo no fim.

Ultimamente, com as corridas e o ginásio, é ele quem chega primeiro e orienta tudo. Quando eu chego, às 21h30 ou mais, é só tomar banho e sentar para jantar. Neste caso, cabe-me a mim tratar de tudo no fim, pelo que muitas vezes são quase 23h da noite e eu de volta da cozinha. Estão a imaginar a canseira, não? Chegar tarde a casa depois de um treino intenso e ainda ter de tratar da cozinha, do saco do ginásio e pequenas coisitas do dia-a-dia quando se queria era cair para a cama tipo peso morto...valha-me Deus, minha Santa Engrácia. Mas vá, é assim porque eu quero, porque eu escolhi assim. Porque eu podia optar por não fazer nada para além do trabalho-casa e assim chegava a casa a horas decentes, tratava de tudo nas calmas e pronto, "está tranquilo, está favorável".

No meio disto, devo confessar que tenho uma costela de gata borralheira, sempre gostei de tratar das coisinhas de casa, gosto de ter tudo nos trinques (quase que sou daquelas que a moldura não pode estar nem mais à direita, nem mais à esquerda, tem de estar no sitio) e se pudesse era eu que fazia tu-di-nho que não me ralava nadinha. Empregadas também está completamente fora de questão. Por mais que fosse alguém de confiança (se bem que hoje em dia não há disso), não suporto a ideia de ter alguém a mexer nas minhas coisas. É que nem para passar a ferro (se bem que há momentos do diabo em que desejava ter uma para esse fim, mas a ideia passa-me logo no instante seguinte)!


Isto tudo para dizer que quando me sinto cansada e sem tempo para nada (nada...é como quem diz, porque o problema é eu querer fazer mais do que já faço), não é por ter um marido que é um bronco do pior, que chega a casa pega numa mini e alapa-se no sofá à espera que a comidinha apareça na mesa. É assim porque eu ainda acho que consigo fazer tudo o que tenho em mente num só dia. É assim porque tenho os meus pequenos prazeres, o meu mini-projecto, toda uma agitação diária que me faz sentir viva e realizada que, a par com a vida profissional e com o papel de esposa e dona-de-casa, acaba por ser inevitável não chegar a sexta-feira exausta. Uma exaustão que, ironicamente, acaba por ser boa, porque é aquela sensação de dever cumprido e de ainda ter feito o que mais gosto, mas pronto, não deixa de ser exaustão, num é?

Cada pessoa tem a sua vida, o seu modo de viver, cada caso é um caso e no meu, mesmo com a ajuda do maridão, os meus dias são sempre uma agitação. Mas como disse mais acima, são porque eu escolhi que assim fossem. Podia optar pela lontrice e não fazer mais nada para além do trabalho e da vida doméstica. Saía do trabalho, vinha para casa, lia umas revistas, coçava a micose, preparava o jantar nas calmas, jantava, ainda tinha disposição para arrumar tudo, papava as novelas todas, paleio com o marido, xixi, cama, fazer o amor, tuuuuuudo na paz do senhor. Resumindo e concluindo, podia fazer a vidinha casa-trabalho, não ter objectivos nem nada que me desafiasse pessoalmente, mas isso não é vida para mim.

Por isso, e ao contrário do que algumas de vós pensa, acho que devemos sim ter muito orgulho por conseguirmos ir um bocadinho mais além, por termos capacidade de sair da nossa zona de conforto e por conseguirmos conciliar as nossas várias facetas: seja a de profissional, social, dona-de-casa, esposa, mãe, etc, etc. Se não fazemos mais do que a nossa obrigação? Talvez, mas também podíamos contentarmo-nos com a nossa vida "trabalho-casa", com o mínimo que a vida nos pode dar.
E também acho que sim, que esta garra toda está intimamente ligada aos factos históricos que deram origem ao Dia da Mulher, tendo em comum aspectos como a capacidade de lutar pelo que se quer e pelo que achamos ser os nossos direitos e o que nos faz feliz.

Mas no meio deste conversê todo, o que importa mesmo é que nos sintamos realizadas e felizes enquanto mulheres, seja por A, B ou C. Afinal, cada qual é cada qual e cada um tem a sua maneira de encarar a vida. Ninguém é mais ou menos mulher por fazer isto e aquilo desde que se sinta verdadeiramente feliz no seu papel. Porque mulheres felizes brilham mais.



44 comentários:

  1. Concordo plenamente!
    Beijinho
    Cris

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  2. Tenho uma opinião muito parecida com a tua, e enquanto casal importa dividirem as tarefas .

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  3. Como me revejo neste texto... Pensava que era só eu a "ave rara" porque não consigo "permitir" uma empregada a mexer nas minhas (nossas) coisas, nem passar a ferro! Parece uma parvoíce pois a vidinha estaria bem mais facilitada com essa ajuda, mas ainda não consigo deixar que entrem na nossa intimidade... quem sabe um dia!

    E no fim, contas feitas, o importante é que cada um se sinta bem e feliz!

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    1. Oh meus amores... É terem filhos e logo mudam de opinião ;)

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    2. Mesmo!!! Arranjei empregada porque já não conseguia ter tempo para limpar a casa e aquilo já parecia o faroeste de bolas de cotão a rebolar! Ferro continuo a passar eu porque ninguém passa como eu gosto (manias). Mas até mudar lençóis já deleguei, antes dizia que não, mas um dia mudou sem eu pedir e como me soube bem não ter que o fazer :)

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  4. Concordo contigo, acho que devemos partilhar tarefas. Eu e o meu namorado estamos a morar juntos, e ele próprio tem a iniciativa de me ajudar nas tarefas do dia-a-dia e na cozinha, só não trata da roupa, e olha que ele na casa dos pais não fazia nada, por isso foi um grande avanço :)

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  5. Pois eu também sou gata baralheis...! As pessoas não entendem o quanto eu gosto de limpar e arrumar a casa. Cuidar da roupa e cozinhar. É algo que (quase sempre) me dá prazer...!
    Geralmente chego primeiro que o homem a casa, mas esta semana cheguei depois e tinha o jantar feito...!
    Lá em casa só não ajuda se não puder e nunca pedi. Passa a ferro melhor que muitas mulheres. Então é limpar?!
    Estes são os homens modernos :)
    Beijinho
    MR💗
    @sagadaemigracao

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    1. "Ajuda"? Adoro essa palavra num casal.

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    2. Sim porque apesar de ser uma partilha, é entre ajuda...!

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    3. Esses são os homens, ponto final. E enquanto tivermos de os louvar como sendo especiais (quando as mulheres já fazem isso tudo há séculos e ninguém acha especial, ou merecedor de louvor), ainda temos um longo caminho a percorrer.

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    4. Parece-me que apenas quer implicar...!
      Quem aqui está a louvar???Há sempre um que tem mais disponibilidade para tratar dos afazeres domésticos, é só isso. Não estou a louvar, pois eu faço-o todos os dias.!
      Que radicalismo...!
      MR

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  6. Eu acho que seria daquelas que arrumava antes de ir lá empregada só para que ela visse tudo direitinho eheh

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    1. Confesso que eu sou uma dessas pessoas :P. Deixo a casa arrumada antes da empregada chegar. Mas também faço isso, porque considero que a obrigação dela é limpar e não arrumar a camisola que eu me lembrei de deixar pendurada não sei onde ou os 1001 brinquedos que a minha filha tem pela casa. Eu deixo as coisas no sítio…. Ela limpa.

      Da mesma forma, também não gosto que me tentem “arrumar”, ou seja, redecorar…. Já tive uma pessoa que de cada vez que lá ia a casa punha as coisas ao gosto dela, noutros sítios :P.

      E já agora… também eu, durante muito tempo, estranhava a sensação de ter alguém em casa, a mexer nas minhas coisas. No entanto, depois de perceber a qualidade de vida que eu e o meu marido ganhamos por não ter de desempenhar essas tarefas, faz-me ultrapassar o incómodo. Prefiro, se necessário, abdicar de outras coisas para, enquanto me for possível, manter esta ajuda extra :).

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    2. Tal e qual por aqui, Cê.

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  7. Eu fui uma das pessoas que comentou esse post e quando o fiz não foi no sentido de dizer que se tu dizes que estás cansada, é porque fazes tudo em casa e o teu marido não faz nada. Essa associação nunca me passou pela cabeça! Comentei porque ainda há muito essa ideia de as mulheres acharem que têm de ser as super-mulheres e fazer tudo (trabalhar, cuidar dos filhos, limpar a casa, cozinhar) e queixam-se constantemente que estão sobrecarregadas. Muitas vezes porque casaram com homens que nunca fizeram nada em casa (normalmente apoiados pelas suas queridas mãezinhas), ou porque acham que só elas sabem fazer as coisas bem (também há muito isso, a mulher diminuir o trabalho doméstico do homem e achar que só ela sabe como devem ficar as coisas). As que têm algum dinheiro optam por contratar uma empregada, se não iria sobrar para elas fazerem tudo e assim sempre paga o casal para ter as coisas feitas.

    No meu caso, a situação é semelhante à tua. Tenho 28 anos, vivo com o namorado há 6 e dividimos as tarefas todas. Não é uma divisão "com regra e esquadro", também é na base do quem chega primeiro vai fazendo o que há para fazer e ao fim-de-semana tratamos das "coisas maiores" os dois (ir ao supermercado, cozinhar, limpar a casa toda). Ter empregada também está fora de questão, os dois damos bem conta do recado e até nos divertimos nesses momentos juntos (adoramos cozinhar, por exemplo). E, assim, as tarefas domésticas não nos pesam, nem a mim, nem a ele. Não adoro fazer grande parte delas, mas não sinto que sejam um encargo assim tão grande.

    O mesmo relativamente a filhos, que ainda não temos, mas queremos engravidar este ano e já pensamos no assunto e, quando tivermos, vamos gozar 1 ano de licença de parentalidade, gozada a meias entre os dois. E tudo o que houver a fazer relacionado com os filhos, vamos fazer a dois. Temos um projecto de vida juntos e tudo aquilo que o mesmo acarreta (coisas boas e coisas "menos boas", como tarefas e obrigações) são repartidas e partilhadas pelos dois.

    Infelizmente, a carga estar toda na mulher não é uma coisa só de antigamente. Hoje em dia é melhor que há 40 anos, claro que sim, mas ainda há muita mulher da minha geração que se sobrecarrega com as tarefas e com maridos/namorados que não mexem uma palha e elas acham normal. Eu jamais conseguiria sequer iniciar uma relação, quanto mais uma vida em comum e pensar em filhos, com uma pessoa assim ao meu lado. Aliás, seria logo um "deal breaker" para mim se me estivesse a apaixonar por alguém que encarasse as partilhas domésticas desta forma.

    Tenho várias colegas de trabalho e conhecidas que trabalham tanto como os maridos, mas quem leva os miudos à escola são elas, quem lhes prepara a comida, dá banho, ajuda a fazer os tpcs, dá um jeito à casa (porque todas essas têm empregada), etc, são exclusivamente elas e constantemente se queixam disso. Para mim isso é o exemplo a não seguir e uma das razões pelas quais depois estas pessoas chegam aos 40's com crises de meia idade e frustradas com as vidas que escolheram (e porque tantas dessas mulheres dizem cobras e lagartos sobre ter filhos, porque lhes cabem os encargos todos relacioandos com eles, porque nunca tiveram um verdadeiro companheiro ao seu lado).

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    1. Como volta e meia (quase sempre, vá :D) estou a queixar-me da questão do tempo e de andar mais cansada, pensei que o conteúdo do teu comentário também fosse dirigido a mim! :D

      E agora confesso-me... Sou daquelas que acha que as coisas só ficam bem se forem feitas por mim! AHAHAHAH Mas não tenho culpa, foi um gene que herdei da minha mãe! Até nos trabalhos de grupo da escola eu era assim! Aliás, detestava trabalhos de grupo porque tinha sempre receio que o outro colega não fizesse a "coisa" em condições (e pq tive mesmo más experiências). Não sei se é defeito ou qualidade, mas sou assim mesmo (acho que vai muito do facto de ser perfeccionista).

      Beijocas e bom fim-de-semana *

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    2. Tal e qual gata...! :)
      Mas aprendi a não meter defeito quando ele faz, pois é meio caminho para deixar de fazer...!
      Beijinho
      MR

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  8. Identifico-me tanto com o teu texto. Nos dias de maior cansaço só penso para que me meto em tudo, mas depois penso que essa vidinha de casa-trabalho-casa não é definitivamente para mim. Em relação ao namorado, para quem em casa da mãe não fazia nenhum, já muito faz: cozinha quando tem de ser (em dias que chego a casa mais tarde), limpa e aspira e até já passa a ferro. Podia ser mais arrumadinho, mas uma coisa de cada vez. Ah ah ah

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  9. 100% de accordo com este texto gata. Eu também recentemente sai da minha "zona de conforto" a nível profissional: deixei o meu emprego estável das 8-4 para ter a oportunidade de começar o emprego dos meus sonhos. Hesitei muito pelo horário (13-21h), mas sabia que me arrependeria muito se não arriscasse. Custa me chegar a casa as 22h e ver o meu filhote já a dormir, mas estou com ele de manhã e sei que, com tempo, irei conseguir um horário melhor para mim. O próximo objectivo é começar a focar na minha saúde, começando por perder os quilinhos a mais. Beijinhos

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    1. Parabéns por ter sido capaz de dar essa passo! =)) De certeza, que também será capaz de atingir o seu próximo objectivo! FORÇA =))

      Beijinhos e um bom fim-de-semana *

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  10. Bem, depois de ler isto (e de concordar com quase tudo), cheguei à conclusão que de gata borralheira não tenho nada... =P Não tenho empregada porque o meu apartamento agora é tão pequeno, que não preciso. Mas não me faz confusão absolutamente nenhuma ter alguém a limpar a casa por mim (especialmente, a parte de passar a ferro, porque se há tarefa doméstica que eu odeio, é essa)

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  11. eu gostava mesmo era de poder pagar a quem me fizesse as coisas :/

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  12. Concordo com tudo o que disseste!
    Acredita que viver com um namorado que esta habituado à mãe fazer tudo é muito complicado, eu que o diga.
    Mas com muita insistência e paciência lá vai ajudando. O problema é que até ao final desta semana ainda tenho a manhã livre (trabalhadora a part-time), mas segunda vou começar um novo desafio profissional e que vou ter que me dedicar bastante e vou ter o dia todo ocupado. E sim estou um pouco preocupada porque nunca vivemos comigo a trabalhar o dia inteiro e não sei bem como vou organizar o meu tempo e a ajuda dele vai ser muito importante. Vai correr tudo bem e é tudo uma questão de habito. :)

    Beijinhos
    E.H

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    1. Aqui está um exemplo do que se disse na altura. O namorado é um porreiro, faz o que pode, coitado, até ajuda! Dizer que o homem ajuda é assumir que a tarefa é da mulher e ele a complementa. Para mim, ninguém ajuda ninguém, ambos fazem o que há a fazer.

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    2. Voceis mi diiiiisculpem, mas não percebo a vossa "cena" à volta do "ajuda" (e estou a opinar completamente na paz do senhor)!Acho que dizer que o "homem ajuda" é o mesmo que dizer que a "mulher ajuda", afinal, o casal acaba por ajudar-se um ao outro! Depois, cada caso é um caso, e no caso da Eliana que tem um namorado que não foi habituado pela mãe a fazer alguma coisinha, tem de ser ela a "domestica-lo" e, dentro do contexto, é normal que diga "ajuda". Acho euuuu!

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    3. Eu nunca li/ouvi nenhum homem a dizer que "a mulher ajuda" nas tarefas domésticas! Vejo sempre essa expressão vir da boca de mulheres e sempre com um discurso de assumir que as tarefas/cuidar dos filhos é responsabilidade delas e os homens, coitadinhos, tão bonzinhos, até as ajudam "no que podem e conseguem"!

      vamos lá ver, eu, como comentei acima, jamais me meteria numa relação dessas e na nossa casa fazemos os 2 tudo e nem vemos ambos outra opção. Não critico quem, em suas casas, faça diferente (ser a mulher a fazer tudo, por exemplo), mas com consciência daquilo em que se está a meter e assumindo as consequências que daí adveem. O que acho triste é ver a quantidade de mulheres que se queixam que têm vidas complicadas, que não têm tempo para nada, que a vida é casa-trabalho-tarefas-dormir e depois vai-se a ver e isso é assim porque são elas a fazer tudo e a assumir sozinhas esses encargos. Aí penso que parvas são elas porque se sujeitam a isso, sujeitaram-se a meter-se numa relação com o namorado que não fazia nada porque a mãezinha lhe fazia tudo e a mulher habituou-o a fazer tudo também (embora ele, tão querido, até "a ajude") e depois dão por si nos 40's a maldizer a vida que escolheram. E conheço "N" exemplos assim (as minhas colegas de trabalho, por exemplo, todas pessoas de 40's e 50's, com filhos, é só disto que se queixam).

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    4. Olá Gata,

      Nunca pensei que apenas um desabafo meu desse nisto.
      Eu acho que as pessoas que dizem ''na nossa casa fazemos os 2 tudo e nem vemos ambos outra opção'' é porque se calhar os vossos namorados/maridos/companheiros foram habituados a ajudar sempre em casa, mas nem todos somos iguais e é normal haver deles mais preguiçosos. É minha função (não obrigatoriedade) de como a gata disse domestica-lo e é isso que tento fazer todos os dias.
      Outro aspecto é que eu realmente tinha mais tempo (a manhã toda livre) e ele trabalha por turnos. Eu sei que não é desculpa mas é a verdade!
      E dou-vos os Parabéns de terem uns maridos tão prendados em casa, estimem nos.

      Beijinhos
      E.H

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    5. E.H, como se referiu lá em cima, você é que fala já com uma série de preconceitos enraizados. "é normal haver deles mais preguiçosos", "é minha função domesticá-lo" e "parabéns de terem uns maridos tão prendados".

      Assume-se sempre o que o normal é haver homens preguiçosos, já as mulheres nunca o são, nem se equaciona que sejam. Não, não é normal eles serem preguiçosos. É normal que os pais ensinem os filhos (independentemente do género) desde cedo a serem independentes e a saberem-se desenrascar no máximo possível de situações, incluindo as domésticas. É normal que uma pessoa que vive com outra se aperceba de que a vida comum acarrete tarefas e de que essas tarefas devem ser feitas pelos dois. É normal que se uma pessoa vê essas tarefas por fazer, as faça em conjunto com o outro. Isso é que é o normal e isso é que a E.H devia aceitar como normal na sua vida!

      Se acha que a sua função é domesticar o homem com quem vive, é a sua opção, eu acho isso triste. Triste para a mulher que, adulta, vai viver com um homem e assume com papel seu educá-lo (coisa que já deveria vir de trás) e triste para o homem que chega à idade adulta e tem de ser educado e "mandado" pela mulher. Mas pronto, são escolhas.

      Finalmente, não tem que nos dar parabéns nenhuns, nem glorificar os homens que assim são, porque eles não estão a fazer nada de especial. Tal como as mulheres não estão quando cumprem a sua parte das tarefas e ninguém se refere a elas dessa forma (dizendo aos homens que estão de parabéns por terem mulheres tão prendadas em casa e que as devem estimar). Ambos os comportamentos são o normal, o necessário para uma vida em casa saudável e equilibrada. Lamento que as concepções que traz a façam achar que os homens que fazem tanto como as mulheres são um caso raro e que as mulheres que os têm ao lado têm de se sentir eternamente gratas por tal benção. Eu pessoalmente detesto essa forma de pensar e acho que diminui simultaneamente os homens e as mulheres.

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    6. Peço desculpa por me meter na vossa conversa, mas... Eu, muito sinceramente, não vejo mal nenhum em a Eliana querer "domesticar" o seu homem! Acho que uma das coisas boas das relações é a nossa "metade" fazer de nós uma pessoa melhor, tipo o despertar o nosso melhor (isto agora suou muito a meeeeel). E se o namorada da Eliana não era pessoa de participar nas tarefas da casa, acho bem que ela consiga isso dele, que mude a sua visão e que o faça ver que não há tarefas para mulheres ou para homens, há tarefas para tooodos.

      Depois há outra coisa... Por muito que não aceites e que aches triste, a verdade é que nos "antigamentes" a "coisa" era mesmo assim: mulheres tratam da casa e dos filhos e os homens metem o dinheirinho em casa. Coisa que, inevitavelmente, acaba por ser mais ou menos actual porque depende da forma como somos educados. Por exemplo, a minha mãe - que é dos "antigamentes" (mais ou menos) - quando calha em saber que o meu marido teve de cozinhar ou fez não sei o quê, é o fim-do-mundo-em-cuecas! "Ai coitado do rapaz, que traste de filha eu tenho"! Estou a exagerar, mas a ideia é esta!

      Claro que lá por nos "antigamentes" ter funcionado assim, não é por isso que nos vamos acomodar e aceitar, mas também não é preciso ficar "em choque".

      Beijinhos às duas *

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    7. Gata, se no "antigamente" a coisa era assim e havia pouca ou nenhuma margem para as mulheres "escaparem" à sua condição, hoje em dia há toda a margem possível, basta elas quererem! Por isso digo que acho triste e, para mim, não aceito. E choca-me que haja quem aceite e, pior, quem aceite e depois vem-se queixar do que aceitou "sem piar", como se não houvesse alternativa, como se ainda tivessemos de aceitar que "todos os homens" são assim e devemos glorificar as poucas alminhas santas que não são. Esse é que para mim é o problema e é isso que tento transmitir quando vejo comentários como estes: o normal não é assim, o normal é que exista igualdade e um verdadeiro companheirismo e mulher nenhuma deve aceitar como normal e inevitável algo que a sobrecarrega a ela e descansa o outro membro do casal.

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    8. Cláudia Martins15 abril, 2016

      Concordo completamente com a Anónima. A principal questão é a forma como se encara o papel do homem. Ao irem viver juntos já deve ficar bem explicito que ambos têm de contribuir equitativamente para a lide de casa. Se não vem habituado, temos pena, que se habitue, não faz nada de extordinário ou digno de admiração. As mulheres que querem fazer tudo e se queixam, desculpem a franqueza, mas não têm mais do que aquilo que merecem.

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    9. O meu namorado também não sabia fazer nada, aprendeu. Só vejo a vida em comum como partilha conformo digo aqui
      http://nervosomiudinho.blogs.sapo.pt/viver-junto-1-103468

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  13. Apoiadaaaa!!

    Beijinhos ♥
    Mónica Rodrigues dos Santos
    http://cupcakewomen.blogspot.pt/

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  14. Eu, que tive de sair de casa aos 18 anos para ir para a faculdade e tenho de fazer tudinho porque nao tenho empregada nem vou a casa aos fins de semana para me lavarem a roupa, não tenho qualquer problema em admitir que quero uma empregada que vá a casa limpar uma vez por semana, principalmente depois de ter filhos. Nem toda a gente tem a sorte de ter fins-de-semana livres, apesar de quando eu escolhi o curso já sabia no que me estava a meter, e já sei que vai ser todos os dias a entrar cedo e a sair tarde (e não dá para aspirar as 11 da noite) e vou ter de estudar e pesquisar muito em casa, mesmo depois de já estar a trabalhar. Os meus pais sempre tiveram uma empregada uma vez por semana e nem sabem o jeitinho que dava ter alguém para limpar o pó de móveis, aspirar o chão e tapetes, limpar a casa-de-banho, engomar, fazer limpeza profunda quando é necessário. Tudo bem que enquanto não houver crianças pelo meio, duas pessoas até conseguem dar conta do recado, mas quando eles vierem, e eu falo por mim, não quero passar o meu tempo livre do fim-de-semana (que vai ser pouco) em limpezas com o namorado/marido, em vez de tratarmos e brincarmos com os nossos filhos. Novamente, é só a minha opinião.

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    1. Como disse no texto, cada caso é um caso e no teu acho perfeitamente natural que sintas necessidade de ter uma ajuda extra. Caso contrário, a tua vida não ia passar de casa-trabalho-casa-trabalho-casa e isso não é viver é sobreviver!

      Um beijinho *

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  15. Concordo perfeitamente com a ideia de que os homens não têm que ajudar, eles têm que fazer, tal como as mulher o fazem. Eu também venho de uma família em que os homens não mexem uma palha mas não é por isso que, na minha casa, as coisas se passam dessa forma. Vivi 4 anos com o meu namorado e estamos casados há quase 7 meses. Lá em casa sempre dividimos as tarefas, logo desde o primeiro dia. Eu detesto arrumar a cozinha e a casa de banho e ele adora tudo o que meta água. Por isso eu cozinho (porque também adoro) e ele limpa. Eu arrumo a sala e ele a casa de banho. Ele põe a roupa a lavar, eu estendo. Arrumamos o quarto em conjunto. Felizmente posso ter uma pessoa que me passa a roupa a ferro e arruma mais a fundo. Mas sempre nos orientamos bem a fazer as lides domésticas em conjunto. Não há cá ajudas. Há entreajuda. E não compreendo quem continua a pensar como "antigamente". Sim, também já ouvi coisas do género, depois de um almoço em família, "é ele que vai arrumar a cozinha?? Coitado!"... Passei-lhes um raspanete (e são meus avós!) e nunca mais voltaram a falar no assunto. Ou nos dias em que vamos treinar e jantamos às 22h, também já me disseram que eu tinha sorte por ele estar comigo, senão... senão o quê? Senão ele comia e eu comia quando chegasse, se ele não quisesse esperar por mim.
    Ainda não temos filhos mas tenho a certeza que, quando chegar a altura, tudo vai ser feito a dois. Mesmo que eu amamente, posso bem tirar leite e colocar no biberão para que nos possamos levantar à vez durante a noite. Tem que ser assim, na minha opinião, porque não faz sentido ser de outra forma.
    Já lá vai o tempo das mulheres tomarem conta dos filhos e os homens trabalharem! Nós trabalhamos os dois, no mesmo escritório, até muito tarde a maior parte dos dias. Eu ponho tanto dinheiro em casa como ele (e mesmo que não pusesse, era igual!) por isso ele faz tantas coisas como eu. É claro que teve uma boa educação e nem sequer foi preciso "educá-lo" até porque, confesso, acho que não tinha paciência para isso. Não me cabe a mim, sequer. Coube aos pais dele e, mesmo que não o tivessem feito, cabia-lhe a ele, porque é inteligente, tem dois dedos de testa e dois olhos na cara, sabe que estamos em 2016 e que as obrigações são dos dois.
    Está definitivamente na hora de deixarmos de desculpar os homens pelo que não fazem, de nos congratularmos por termos a sorte de casar/namorar com "um dos bons"...

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    1. Compreendo perfeitamente o seu comentário...! A verdade é que nem todas as vidas são iguais...! No meu caso, por exemplo, o meu companheiro trabalha por conta própria, não têm horários certos de chegar a casa. A verdade é que chega sempre depois das 21h30m. Acha que vou esperar por ele para partilhar as tarefas! E é por isso que muitas vezes comento que ele me ajuda (não que seja meu dever, minha obrigação). Partilhamos as tarefas quando ele está em casa. Quando conseguimos cozinhamos juntos. Quando conseguimos um trata de uma tarefa é outro de outra.
      Mas, no meu ver, eu não me sinto bem, chegar a casa às 19h (quando é possível, já que muitas vezes também é mais tarde) e esperar que ele chegue para partilhar tarefas, quando ele também esteve a trabalhar...!
      É mais, logo que ele chegue, temos mais tempo disponível para os dois...!
      Gostava que compreende-se também este lado da moeda. Não seja tão radicais...!
      Ninguém está a menosprezar a mulher ou a vangloriar o homem...!
      Boa tarde
      MR

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  16. É esta com os homens "ajudarem" e a outra com o que terá acontecido à mãe da criança por ver o pai sozinho com a filha. Eu, que pouco mais velha sou do que vocês tenho medo ao ver esta mentalidade em mulheres que nem 30 têm. Mas estamos a progredir ou a regredir?

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  17. Num casal que trabalham os dois 40 horas só me cabe na cabeça que dividam o trabalho doméstico a meias. Com humor tudo se faz, mesmo que ele não saiba fazer aprende como eu aprendi.
    http://nervosomiudinho.blogs.sapo.pt/viver-junto-1-103468

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  18. Passo a contar a minha experiência...

    Antes do meu "home" vir cá para casa a limpeza era assim a modos de "por onde passa a procissão!"
    Depois de ele vir viver comigo o sábado era dia de gestão da casa limpezas/compras... Mas ele entrava literalmente em sofrimento, ele detestava! E como eu também não gostava muito, concordamos em pagar a uma pessoa para vir cá casa uma tarde por semana para limpar e tratar da roupa!... Abençoada a hora em que encontrei a "Ana", que dinheiro mais bem empregue!
    Ao fim-de-semana só me preocupo em lavar roupa, ir às compras e cozinhas!... E geralmente só fica para passar a roupa indispensável, eu não quero que a "Ana" queime tempo a passar a ferro coisas desnecessárias (tipo toalhas, lençóis, cuecas, boxers, tops do ginásio...)!
    À semana para o jantar, geralmente como ele chega mais cedo, é ele que dá o pontapé de saída e geralmente eu chego a tempo da finalização! Quando ele trata do jantar por completo eu trato da loiça e vice-versa, caso contrário é 50%/50%.

    Abracinho,

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  19. Às vezes acho que se exagera um bocadinho as reacções à volta de determinados temas, como neste caso. A verdade é que vimos de uma herança mais machista no que respeita às lides domésticas mas em muito porque a vida dos homens e das mulheres era muito distinta (os homens trabalhavam na sua maioria fora de casa e as mulheres trabalhavam -e muito!- dentro de casa). E daí ainda termos um bocadinho essa "mania" de falar nos homens que ajudam as mulheres, quando na verdade não fazem nada seja obrigação da mulher. Mas é mais uma questão de expressão. Acho que a nossa geração (e as vindouras ainda mais!) já é bastante esclarecida e é normal a divisão de tarefas. Claro que há casos que demoram um bocadinho mais porque há muitos rapazes que sempre foram educados a ter a mãe a fazer tudo em casa e quando se vêem a viver com a mulher/namorada têm de repensar o seu papel nas tarefas domésticas mas certamente também haverá mulheres assim!

    E quanto ao cansaço: como eu te entendo! Ainda vivo em casa dos meus pais e sou uma afortunada que pouco se pode queixar da carga das tarefas domésticas mas não paro de arranjar mil e uma ideias para concretizar e os dias são sempre pequenos demais para tudo o que quero fazer, todos os sítios onde quero ir, todas as pessoas com que quero estar. E quando estamos constantemente a "lutar" contra a falta de tempo, é uma canseira! Mas daquelas mesmooooooo boas :)

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  20. O meu namorado trabalha de casa, eu estou a tirar um mestrado a tempo inteiro (fiz uma pausa na carreira para estudar e volto ao trabalho em setembro) mas com muito mais tempo livre do que tonha enquanto trabalhava e mesmo assim tenho empregada uma vez por semana sem vergonha nenhuma, tive dirante uns tempos porque a minha propria mae foi empregada de limpeza quase toda a vida mas quando lhe contei ela nao achou nada mal. A senhora limpa a fundo e nos tratamos do resto das tarefas durante o resto do tempo e isso de nao haver pessoas de confianca discordo, é só saber procurar. Quanto a nao ter objectivos pq se faz casa-trabalho trabalho-casa pode nao ser bem assim, a nossa casa pode conter um sem numero de desafios que nao passam so por arrumar e ficar letárgico em frente da tv.

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