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terça-feira, 11 de outubro de 2016

TRAIL, a minha primeira experiência


No passado domingo cumpri mais um objectivo e realizei a minha primeira prova de trail. Quando comecei a partilhar o meu gosto pelas corridas aqui no blog e mesmo em conversa com amigos, ouvia sempre "tens de experimentar trail, é muito mais giro, vais ver que vais adorar" e blábláblá Whiskas saquetas.
Acontece que depois da Meia Maratona em Abril nunca mais lhe dei a sério nas corridas. Meteram-se as mudanças, meteram-se outras prioridades e as corridas ficaram quase como banho-maria. Já com a vida mais organizada retomei, mas muito soft, uma vez que o meu principal objectivo do momento não combina muito com corrida. Mas uma vez por semana tem de ser, só para matar o "bichinho".

Nos entretantos, aparece a minha irmã com uma história de "ah e tal trail escutista e tens de ir e anda lá e não sejas "cortes"" e rebebebeu pardais ao ninho (sim, tenho uma irmã escuteira e muito chata).
Ora, sendo eu mais de estrada, com zero experiência em trail e com consciência de que são coisas diferentes, a minha primeira reacção ao convite foi "nem pensar". Mas lá me convenceram (fácil, eu?).

Nas ultimas duas semanas consegui companhia para treinar percurso de trail e só posso agradecer por isso. Deu para não ir "às escuras" e para ganhar gosto por algo diferente e mais exigente a que estava habituada. Chegado o dia e porque a vida prega partidas, o espírito/vontade não era o/a melhor, ponderei não ir, mas lá fui, afinal, não podia deixar ficar mal quem tanto me incentivou e deu força para participar. Com a "cabeça longe" tentei não me distrair muito no tempo e consegui um 13° lugar no meu escalão (de 22) e um 101° no geral (de 140). Não foi brilhante, mas valeu muito pelo esforço, pelo companheirismo e pelo espírito de entreajuda o qual agradeço bastante. E se formos a ver, a superação vale bem mais que os resultados.

Foi a minha segunda prova, a minha segunda maior distância percorrida (nem nos treinos para a Meia Maratona corri tanto) e é o meu segundo dorsal que vou guardar com todo o carinho e com todo o significado que tem.

Realmente, tinham razão, adorei a experiência e acho um máximo correr no meio do mato, por entre árvores e pinheiros, saltar valas de água e zonas de lama, agarrar-me aos ramos nas descidas mais complicadas ou descer a todo o gás nas mais simples. Enfim, respira-se natureza e apesar de requerer outro tipo de esforço, também parece dar um fôlego maior.

Correr para mim tem sido uma surpresa. Primeiro, porque odiava - odiava aquelas dores de burro infernais, odiava correr três quilómetros e já ir de língua a arrastar pelo chão, odiava as piiiiii das canelites, odiava sentir-me a arrastar o rabo nas subidas do demo, odiava TUDO -, segundo, porque pensava para comigo que raio de objectivo mais estúpido tem uma pessoa que sai de casa para correr por aí ao deus-dará com tanta coisa mais interessante e reconfortante para fazer.
Mas com a corrida aprendi que o impossível pode tornar-se possível. Aprendi a superar medos (no caso do trail, vou sempre com medo de encontrar uma cobra à frente ou esmagar um rato morto [sim, sou um bocado mórbida] e na prova em si, tinha receio de perder-me sozinha no meio do mato). Aprendi que apesar de todo o esforço, o prazer da satisfação final compensa tudo. Aprendi que ao passar a meta esquecemos todo o sofrimento anterior bem como todas as caralhadas mentalmente proferidas. Aprendi que o ser capaz de sair da nossa zona de conforto bem como a nossa persistência deixa-nos felizes e orgulhosas de nós mesmas. Aprendi que correr é viciante, talvez por ser um exercício de força de vontade e de superação de dificuldades que faz-nos querer ir mais além. Porque se fomos capazes de chegar até aqui, de certeza que somos capazes de muito mais. Depois, correr também é amizade, solidariedade e espírito de entreajuda. Posto isto, como não gostar?


P.S.: Vocês não sabem, mas aquele moço ali de rabicho (=P) já tinha acabado a prova há uns 40 minutos (ficou em 15º no geral), fez bem as contas, foi ao meu encontro (com algum pessoal a gritar "não, não, é ao contrário", ahahah) e acompanhou-me nos meus dois últimos quilómetros. Quem tem amigos assim, tem tudo. =))


14 comentários:

  1. Já tive a oportunidade de fotografar um trail e foi das coisas que mais gostei de fazer. Ver a superação, ver a coragem, a vontade, a entre ajuda, o companheirismo, os sorrisos no rosto.
    Foi brutal.

    Parabéns por mais esta etapa que alcançaste :)

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  2. Gata pensava tal como tu, não entendia como é que alguém levantava o rabo super cedo a um domingo de manha para ir correr num trail! Até que fui na conversa de um grupo de amigos( depois de varias tentativas da parte deles), e experimentei um, a partir dai faço um sempre que posso, por norma dois por meses. Não sou nenhuma atleta de competição, vou ao meu ritmo, mas vale a pena todo o esforço e adrenalina.
    Beijinhos

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    1. É o que eu digo sempre, só custa ir e, depois, facilmente se apanha o gosto! =))

      Beijinhos minha linda *

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  3. Gata já agora, de onde é o teu relógio? Quero muito comprar um, mas com todas as funções pretendidas ( gatos calóricos, distancia) são um pouco caros :(

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    1. O relógio é da marca Polar e é o modelo M400. Comprei-o na Sport Zone e aproveitei um desconto que tinha, mas ele custa à volta de 150€. Relógios assim com GPS, frequência cardíaca e minimamente de qualidade, este, apesar dos apesares, é dos mais baratos, de resto, é sempre a subir o preço.

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    2. Estive a ver na Decathlon e tem a 80 eur, mesmo assim achei caro :(. Vamos ver se me chego á frente.
      Aproveito para te dizer que amanha vou a uma consulta com a "tua! nutri :)

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    3. É dinheiro que custa sempre a dar, isso é verdade.
      A sério?! Depois conta-me tuuuudo! =))

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  4. Eu sempre que estou no Alentejo corro em trail. Aliás, estive um ano parada e foi em trail que recomecei (coragem ou parvoíce? ahah). Aproveitei as férias para ganhar balanço e agora é engraçado porque de cada vez que ponho os cascos em terra batida acuso logo cansaço (já que no Algarve é só asfalto) e penso "hoje não aguento nem metade do habitual" e a verdade é que mesmo fazendo quilómetros seguidos em areia seca, tipo praia, o corpo reage porque me dá muito mais pica correr na adversidade ahah
    Então entendo muito bem o teu sentimento. É para continuar! :D
    Beijinhoo

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    1. É caso para dizer "o que não te desafia, não te transforma"!
      Agora falei poeeeema! Eheheh :D
      Um dia ainda vamos "lavrar mato" juntas! =P

      Beijinhos *

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  5. Nunca experimentei fazer um trail mas se a experiência se assemelhar à aventura que é correr uma meia maratona, então vale com toda a certeza o esforço e o cansaço nas pernas! :)
    Beijinho
    Cris

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  6. Muito bem!! Eu com a minha "sorte" (e tornozelos com ligamentos laxos) partia novamente o pé. Admiro mesmo quem se levanta cedo para ir correr (é ve-los a correr na minha rua às 7 da manhã, que puto de coragem), adorava ser assim um dia.

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  7. Nunca fiz nenhum trail, mas já corri em terra batida, e estava a chover (pinguinhas). Conta? :D
    Mas é verdade, é uma coisa completamente diferente, correr com chuva e vento, em sítios que puxem por nós, faz toda a diferença.
    Beijinho*

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  8. Estás de parabéns! Muitos parabéns!

    Beijinhos ♥
    Mónica Rodrigues dos Santos
    http://cupcakewomen.blogspot.pt/

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