Pronto, eu assumo!

Aqui e agora, livre de qualquer pudor, perante os meus queridos leitores, que sou abstémia. "QUÊÊ, abstémia?! Cruzescredocanhoto, isso pega-se?!!" Não meus queridos, isto não se pega por isso podem continuar a deambular aqui por estes lados que estão livres de contagio.

Não imaginam como me sinto mais leve depois de partilhar este insólito facto da minha vida. Até nisto os abstémios são marginalizados. Porque é que há reuniões de alcoólicos anónimos e não há de abstémios anónimos?! Afinal também precisamos de ajuda, isto é um inferno. Não é fácil lidar com os olhares de desprezo enquanto estou a curtir a night entre os meus sumos de laranja e ginger ales. Tudo de cerveja na mão e a Gata com o seu sumo (quando não é uma garrafinha do Luso). Sempre que peço ao balcão mais um sumo com gelo ter de levar com uma cara de susto do barman (quase a dar-lhe um AVC) como se eu fosse uma australopithecus fêmea. E quando entramos em coma abstémio?! Não é fácil, meus queridos, não é nada fácil. Os meus amigos já nem me convidam para festas porque dizem que sou uma cócó e que só dou prejuízo. Não suporto continuar a ser marginalizada por esta minha (gravíssima-íssima) doença. Porque isto só pode ser doença! E é neste sentido que estou disposta a ter sessões de acompanhamento, seja com grupos de estudantes veteranos, seja com grupos de motards. Acredito que não é tarde, que mesmo com esta idade vou conseguir ultrapassar este meu problema e um dia ainda vou pegar numa litrada de cerveja e bebe-la de penalti.