Não há um dia que não se fale da tragédia que vitimou os seis estudantes da Lusófona, na praia do Meco. É daquelas tragédias que marca tanto conhecidos como desconhecidos, porque só quem não tem coração é que consegue ficar indiferente a tal acontecimento. Não sou mãe, mas sou mulher o suficiente para perceber a dor daqueles pais que de um momento para o outro perderam os seus filhos, a sua razão de viver, para muitos. Como se não bastasse, ainda há a angústia de não saberem o que realmente aconteceu naquela noite, não terem uma única explicação para tal perda tão cruel. É o desespero de querer uma resposta sobre o sucedido e não ter. Porque quem a pode dar, não fala. Está em silêncio, fechou-se em copas. Também está a sofrer? Acredito que sim, claro que sim. É imaginável o trauma que é, o peso que irá carregar para a vida. Mas PORRA. Não é razão para não dar uma palavra sobre o que aconteceu e, depois de tudo, é o mínimo que pode fazer. Os pais merecem. Ele deve uma explicação àqueles pais. Não é ele o Dux? Uma das imagens soberanas da praxe? A quem todos devem respeito? Aquele que é tido como um exemplo pelos estudantes e que, supostamente, através da praxe os prepara para a vida? Pois na vida é preciso saber dar a cara e assumir as consequências dos nossos actos. Onde está a atitude deste Dux? Onde está o respeito dele pelos pais dos seus colegas?
Já é mais que certo que estas mortes são o resultado de uma actividade praxista que correu mal. Muito mal. É certo que se estavam lá, estavam de livre e espontânea vontade, logo, todos os presentes são responsáveis pelo que aconteceu, a meu ver. O mentor tem culpa, mas quem consentiu também tem. Só não entendo o teor desta praxe. Qual a razão de ser de uma praxe que pode pôr a vida em risco? Mas que raio de ritual é este, praticado pelos praxistas da universidade em questão?! Que merda de tradição é esta?! E atenção. Não sou anti-praxista, muito pelo contrário, vivi activamente a praxe. Cheguei mesmo a fazer parte da Comissão de Praxe. Gosto da praxe e gosto da tradição que está associada. Para mim, é algo que faz parte da vida académica. E sou contra àqueles que criticam a praxe e fazem dela a pior coisa do mundo, principalmente, depois do sucedido. A praxe ajuda o estudante a integrar-se, sim. A praxe pode ensinar, sim. A praxe pode trazer amigos para a vida, sim. A praxe trás momentos e experiências boas e únicas, SIM. Mas claro...há praxes e praxes. E tu depende de quem está por detrás da praxe. Existe um Código de Praxe e tudo o que houver para além do que está escrito, é fruto da imaginação fértil de quem estiver à frente das praxes. A mim nunca me pintaram a cara, nunca me fizeram andar de orelhas de burro, nunca me fizeram rastejar, nunca me fizeram rebolar no meio de bosta, nem nunca me persuadiram a fazer algo de risco. Porque se o fizessem, negava-me. Eu sei que cada universidade tem a sua conduta, a sua tradição. Mas há limites. E neste momento, há pais que perderam os seus filhos e precisam de uma resposta. Precisam de saber o que realmente aconteceu para poderem fazer o luto dos seu filhos. Eles merecem. É o mínimo.
Identifico-me muito com a tua opinião. Eu fico revoltada e chamo a todos os que sabem informações e não as dizem de cobarde, incluindo ao tal joão sobrevivente.
ResponderEliminarTendo a ver ou não com praxes (eles tavam lá de livre vontade) é preciso saber o que se passou.
Ritissima Blog
O que é certo é que também não se percebe o porquê de eles estarem trajados e serem praxados, pois geralmente só os caloiros são praxados, e outra questão, se realmente foi uma praxe porque é que não estava a turma toda a ser praxada e apenas aqueles 6? É certo que depende de universidade para universidades, mas que é estranho é. Também fui praxada no meu ano de caloira e nada tenho a apontar a quem me praxou, muito pelo contrário ajudaram a integrar-me na minha turma visto que fui das últimas a entrar.
ResponderEliminarNão são só os caloiros que são praxados! Os doutores também são, desde que o sejam sempre por mais velhos. Pelo menos, onde estudei era assim. Aliás...eu até pertencendo à comissão de praxe fui praxada, e foi precisamente pelo Dux e outros veteranos. O facto de serem poucos é muito relativo... Podia ser por ser praxe de comissão (na minha éramos uns 8). Ou por ser praxe de um grupo especifico, não sei. Mas isso é o que menos importa e, no fundo, ainda bem que não eram mais.
EliminarExato, não são só os caloiros que são praxados. Na minha faculdade também sempre foi assim: qualquer um de nós pode ser praxado desde que a pessoa em causa seja mais velha. Agora, se calhar não és é tantas vezes. Eu sou quartanista e, no entanto, não deixo de ser praxada se assim o entenderem.
EliminarEssa questão de serem só 6, depende muito do funcionamento da praxe de cada faculdade, porque sei de casas em que eles funcionam por grupos de praxe e só podem ser praxados por aquele grupo, mas também pode ter sido praxe específica.
Culpar a praxe é como culpar o futebol da morte de um adepto num confronto entre eles...E é assim,eu acho que o tal Dux esta a ser condicionado pelo propria universidade,acredito que estejam a fazer muita pressao sobre ele.
ResponderEliminarTambém já escrevi sobre isto no meu blog, pois é algo que também me chocou bastante. No meu tempo de estudante também fui praxada, mas nada que se compare. Ir praxar para a beira-mar, em pleno inverno, com o mar naquele estado? Continuo a dizer que é inadmissível, do mais irresponsável que pode haver. E só espero que a pessoa em questão, o sobrevivente, dê uma explicação às famílias, para que estas possam iniciar o processo de luto e encontrar alguma paz, se é que isso é possível.
ResponderEliminarIsto só se irá resolver quando efetivamente o Dux decidir falar, até lá continuarão a fazer-se especulações de tudo e mais alguma coisa.
ResponderEliminarA mim sempre me ensinaram que a partir do momento que alguma praxe ia contra os meus princípios físicos ou morais tinha toda a legitimidade para a recusar. As pessoas que estiveram envolvidas eram maiores e podiam perfeitamente ter feito isso. Recusar-se. Porque nada é mais importante que a própria vida. Claro que também isto será uma especulação, até porque não sei até que ponto algum deles não recusou mesmo. Tenho mesmo pena que culpem a praxe por atos isolados como este, porque ninguém deve andar contrariado. Acredito que, por vezes, a pressão seja imensa, mas temos que ser convictos. O que se passou no Meco, a meu ver, não é culpa da praxe, mas culpa da atitude das pessoas.
O mais grave disto tudo são mesmo as famílias que estão a sofrer. Deviam ter direito a uma versão fidedigna do que se passou naquele momento. Só assim poderão fazer o seu luto. É triste quando se passam os limites e acontecem tragédias como estas. E choca mesmo qualquer pessoa. Esteja ou não na praxe. Posso não ser o melhor exemplo enquanto praxista, mas fico triste que a praxe seja associada a isto, porque, para mim, praxe não é isto. Praxe é tradição e não inconsciência.
Pelas famílias, espero mesmo que este inferno termine brevemente. Seja qual for a razão de tudo isto ter acontecido, elas merecem saber.
Beijinhos*
Tenho pena é das famílias que estão a sofrer :(
ResponderEliminaruglyfashionexperience.blogspot.pt
Concordo totalmente com o que escreveste. Tenho realmente pena dos pais deles, e eles mereciam respostas :\
ResponderEliminarSou absolutamente contra as praxes.Os jovens não sabem nada de praxes, mas sim de abuso de poder. Portanto, ou se cria um programa sobre as praxes no secundário para ensinar os meninos sobre o assunto ou então é bani-las. Já!
ResponderEliminarSem contar com o facto de eu ser absolutamente contra as praxes (felizmente escapei!), a história está muitooo mal contada! Não acredito nem um bocadinho na desculpa da amnésia selectiva... Oh yes, me engana que eu gosto!
ResponderEliminarTambém não vou nessa da amnésia não...
EliminarDiscordo das praxes. Não me parece que me tenham ajudado a integrar em coisa nenhuma. Simplestmente é uma forma de humilhar um pouco quem entra na faculdade. Mas ainda assim, enquanto não passar de alguns limites de brincadeira,não me choca.
ResponderEliminarAgora desconhecia a pratica de praxe aplicada a alunos quenão são caloiros. E quando vejo que afinal existem entidades como a comissão de praxe, que de forma requintada e organizada faz programas de fim de semana para "testar" os esrtudantes, com codigos de honra e conduta extremados, e que podem levar a esta situação, então aí nao faz sentido nenhum.
Se a praxe nos moldes que a defendem serve para integrar o estudante, qual a logica de praxar alunos do 2º3º ou 4º ano? Ainda nao se integraram? E que raio de integração é essa em que os grupos se isolam em casas para a pratica de praxes? Isto não é mais do que brincadeiras às sociedades secretas, com dux, juramentos, tribunais, rituais, e todo o tipo de desvios de quem anda a fantasiar com o Codigo da Vinci. Não venham falar de tradicao pois não existe tradicão destas brincadeiras secretas coisa nenhuma.
Ainda mais quando os dux já têm idade para ter acabado a sua formação, mas mantêm-se cristalizados e perduram no seu pequeno mundo academico, entre farras, queimas, prazes, trajes, esquecendo-se de evoluir
Como eu disse, há praxes e praxes. E na minha opinião, a praxe faz parte da vida universitária. Agora, é claro...há quem se use da praxe e abuse, conduzindo a este ódio que se gera em torno dela. Porque o verdadeiro sentido da praxe e a praxe tal como ela é (sem alterações), é das melhores vivências que um estudante pode ter.
EliminarO facto de alunos com 2,3,4,... matriculas também serem praxados, é pela tradição e só o são em casos especiais.
A praxe ser só com determinadas pessoas não me choca. Eu quando pertenci à Comissão de Praxe, tive praxe de comissão e éramos uns 8 apenas. Ali dá ideia de ser algo do género, até porque segundo parece, o Dux ia dar o seu "cargo", que não é dado a qualquer um, daí o tal grupo. Isto já sou eu a supor.
Mas o que fizeram não faz sentido nenhum, pelo menos para nós, que não conhecemos a tradição da Lusófona. Se calhar aquele espécie de actividade sempre foi feita, a diferença é que desta vez correu mal, muito mal...