Um mal que me atormenta chamado sono

Desconfio que fui mordida pelo insecto do sono e que estou empestada dos pés à cabeça. Ou isso, ou é algum fetiche que o João-pestana tem comigo, daí não me largar de maneira nenhuma. Das duas três. Ainda me lembro, com bastante saudade até, dos tempos áureos em que acordava às sete da matina fresca como uma alface, sem qualquer espécie de dificuldade em vir a mim. Tinha mais que tempo para me aperaltar em condições e sempre nas calmas.
Nos tempos que correm a coisa já não é bem assim. O despertador toca, toca e toca, e eu pareço um peso morto em cima da cama. Abrir a pestana parece mentira. Serão sintomas da velhice? Todas as manhãs é o mesmo martírio para levantar o rabo, mesmo que me deite com as galinhas. Parece coisa feita, irra.
Valha-me a sorte de habitar a cinco minutos do trabalho, permite-me aproveitar a cama até ao último milésimo de segundo. Regalias. Só para terem uma pequena noção (não que seja deveras interessante): entro às 9h, o despertador começa a tocar às 7h50. Sim, sou uma pessoa que não reage à primeira ao toque do despertador, pelo que tenho de contar com este tempo extra no de reanimação na hora de ligar o alarme do telemóvel. Nisto, o despertador vai tocando de 5 em 5 minutos até às 8h15, hora em que finalmente estou apta a tirar o traseiro da cama. Incrivelmente, pasmem-se, demoro 25 minutos, mais coisa menos coisa, a pôr-me de pé. Parece-me um caso preocupante. E, claro está, que mal tempo tenho para lavar os dentes quanto mais para me peneirar com bases, blushs e coisinhas assim que disfarçam o meu típico ar deslavado. A calma matinal de outrora já lá vai, mais pareço o Speedy Gonzalez a correr pela casa, tudo por culpa deste bicho do sono que se apodera de mim todas as manhãs. E já nem vale a pena recolher-me cedo, na falsa esperança de que ao outro dia acordo antes do toque do despertador e com ar de quem acabou de dormir 12h. É mera ilusão.
Já é isto e quase que posso dar-me ao luxo de acordar às nove menos um quarto (penteio-me pelo caminho). Imagino quando não estiver a 5, mas sim, a 20 minutos (a andar bem) do trabalho. Está para breve e teme-se o pior.