Hoje não me apetece sonhar nem divagar, muito menos aparvalhar. Também não me apetece perder pelo mundo encantado das mulheres, onde só há roupas, malas, sapatos e afins. Apetece-me ficar pelo mundo real que, por vezes, pode ser tão duro e cruel, onde os sonhos não passam disso mesmo, sonhos. Um mundo que todos os dias nos coloca à prova, testa as nossas forças e fraquezas, a nossa coragem para enfrentá-lo. E é de coragem que quero falar, de luta, de um amor maior que é o de mãe (e de pai também).
Já é do conhecimento de todos que a nossa Nono não resistiu à dura batalha contra o cancro. Atrevo-me a escrever "nossa" porque foi uma história que chegou a todos nós e que, inevitavelmente, nos envolveu e gerou uma enorme onda de solidariedade. Se há histórias às quais é impossível ficar indiferente, a da pequena Leonor é uma delas.
Dei conta da triste noticia quando andava lá por baixo pelo Alentejo em trabalho, enquanto praguejava mentalmente do calor que sentia, do cansaço dos quilómetros já feitos e dos que ainda haviam a fazer, da terrível vontade de descalçar-me e pôr os pés de molho, do facto de que poderia estar em todo lado, nomeadamente de férias, mas não, estava ali, super cansada de um dia de trabalho e a aguardar ansiosamente por poder ir descansar para o hotel. Nisto, e enquanto fazia tempo pelo facebook, dou de caras com a dita noticia e aí o coração gelou. Esqueci-me imediatamente do cansaço e da vontade de querer estar de férias e não ali. E pensei, como é tão absurda esta nossa estúpida tendência para queixarmo-nos de tudo e de nada, do calor, do frio, do trânsito, daquela peça favorita que esgotou, daquele sapato que já não há no nosso número, dos Louboutin que nunca vou ter na vida, enfim... O que é tudo isto ao pé da dor da perda? Da perda de um filho? Ao pé do monstro que é o cancro? Porquê queixarmo-nos tanto quando há problemas tão mais graves, tão mais duros de enfrentar? Porquê andarmos sisudos com o tempo quando há uma criança capaz de sorrir enquanto trava a dura luta contra o cancro? Porquê?
Já o disse aqui, não sei o que é ter um filho, muito menos o que é perde-lo, mas sei pôr-me no lugar daqueles pais e imaginar o que possam sentir, ao mesmo tempo que me pergunto: e se fosse eu? Será que ia ter a mesma força e a mesma coragem? Será que ia ter a mesma capacidade de lutar e de fazer o meu filho sorrir apesar de todo o sofrimento? Será?
Sou aquela típica pessoa que sofre por antecipação e, por vezes, dou comigo a pensar neste tipo de coisas e a desejar que a vida não me escolha para testar o limite das minhas forças. Mas o futuro só a Deus pertence.
Nono, tu partiste mas foste uma guerreira e Portugal, de norte a sul, vestiu-se de cor-de-rosa por ti. Fica o teu grande exemplo e o teu maravilhoso sorriso.
Nono, tu partiste mas foste uma guerreira e Portugal, de norte a sul, vestiu-se de cor-de-rosa por ti. Fica o teu grande exemplo e o teu maravilhoso sorriso.
Vale a pena pensar nisto. |
(Imagens retiradas da página "Os Aprendizes da Nono".)
Sem dúvida foi uma menina que nunca deixou de sorrir.
ResponderEliminarQue descanse em paz :(
Nesse momento há 6 bilhões, 470 milhões, 818 mil, 671 pessoas no mundo. Algumas estão fugindo assustadas. Algumas estão voltando pra casa. Algumas dizem mentiras para suportar o dia. Outras estão somente agora enfrentando a verdade. Alguns são maus indo contra o bem e alguns são bons lutando contra o mal. Seis bilhões de pessoas no mundo, seis bilhões de almas… E, às vezes, tudo que nós precisamos é de apenas uma..
ResponderEliminarDiana
Confesso que só soube da história quando soube que tinha falecido, mas pelo que vi foi mesmo uma guerreira. Não sei o que é perder um filho e já disse uma vez que aquilo que tenho de mais próximo de ser mãe é mesmo o facto de ter um afilhado. Imaginá-lo a passar por tudo isto sufoca-me, por isso consigo compreender um bocadinho da dor daqueles pais. E digo um bocadinho porque nunca saberemos o quanto a dor os consome, mesmo que tentemos imaginar.
ResponderEliminarFoi uma guerreira e agora pode descansar*
Tenho dois filhos e não consigo me imaginar a ficar sem eles! Tudo o que aqueles pais passaram, a dor que estão a sentir! È muito doloroso :-(
ResponderEliminar:(
ResponderEliminarbeijinhos
Uma princesa inspiradora.
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