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domingo, 7 de setembro de 2014

Um sorriso que ensina


Hoje não me apetece sonhar nem divagar, muito menos aparvalhar. Também não me apetece perder pelo mundo encantado das mulheres, onde só há roupas, malas, sapatos e afins. Apetece-me ficar pelo mundo real que, por vezes, pode ser tão duro e cruel, onde os sonhos não passam disso mesmo, sonhos. Um mundo que todos os dias nos coloca à prova, testa as nossas forças e fraquezas, a nossa coragem para enfrentá-lo. E é de coragem que quero falar, de luta, de um amor maior que é o de mãe (e de pai  também).

Já é do conhecimento de todos que a nossa Nono não resistiu à dura batalha contra o cancro. Atrevo-me a escrever "nossa" porque foi uma história que chegou a todos nós e que, inevitavelmente, nos envolveu e gerou uma enorme onda de solidariedade. Se há histórias às quais é impossível ficar indiferente, a da pequena Leonor é uma delas.
Dei conta da triste noticia quando andava lá por baixo pelo Alentejo em trabalho, enquanto praguejava mentalmente do calor que sentia, do cansaço dos quilómetros já feitos e dos que ainda haviam a fazer, da terrível vontade de descalçar-me e pôr os pés de molho, do facto de que poderia estar em todo lado, nomeadamente de férias, mas não, estava ali, super cansada de um dia de trabalho e a aguardar ansiosamente por poder ir descansar para o hotel. Nisto, e enquanto fazia tempo pelo facebook, dou de caras com a dita noticia e aí o coração gelou. Esqueci-me imediatamente do cansaço e da vontade de querer estar de férias e não ali. E pensei, como é tão absurda esta nossa estúpida tendência para queixarmo-nos de tudo e de nada, do calor, do frio, do trânsito, daquela peça favorita que esgotou, daquele sapato que já não há no nosso número, dos Louboutin que nunca vou ter na vida, enfim... O que é tudo isto ao pé da dor da perda? Da perda de um filho? Ao pé do monstro que é o cancro? Porquê queixarmo-nos tanto quando há problemas tão mais graves, tão mais duros de enfrentar? Porquê andarmos sisudos com o tempo quando há uma criança capaz de sorrir enquanto trava a dura luta contra o cancro? Porquê?

Já o disse aqui, não sei o que é ter um filho, muito menos o que é perde-lo, mas sei pôr-me no lugar daqueles pais e imaginar o que possam sentir, ao mesmo tempo que me pergunto: e se fosse eu? Será que ia ter a mesma força e a mesma coragem? Será que ia ter a mesma capacidade de lutar e de fazer o meu filho sorrir apesar de todo o sofrimento? Será?
Sou aquela típica pessoa que sofre por antecipação e, por vezes, dou comigo a pensar neste tipo de coisas e a desejar que a vida não me escolha para testar o limite das minhas forças. Mas o futuro só a Deus pertence.

Nono, tu partiste mas foste uma guerreira e Portugal, de norte a sul, vestiu-se de cor-de-rosa por ti. Fica o teu grande exemplo e o teu maravilhoso sorriso.

Vale a pena pensar nisto.

(Imagens retiradas da página "Os Aprendizes da Nono".)

24-09-2013 15-51-22

6 comentários:

  1. Sem dúvida foi uma menina que nunca deixou de sorrir.
    Que descanse em paz :(

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  2. Nesse momento há 6 bilhões, 470 milhões, 818 mil, 671 pessoas no mundo. Algumas estão fugindo assustadas. Algumas estão voltando pra casa. Algumas dizem mentiras para suportar o dia. Outras estão somente agora enfrentando a verdade. Alguns são maus indo contra o bem e alguns são bons lutando contra o mal. Seis bilhões de pessoas no mundo, seis bilhões de almas… E, às vezes, tudo que nós precisamos é de apenas uma..

    Diana

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  3. Confesso que só soube da história quando soube que tinha falecido, mas pelo que vi foi mesmo uma guerreira. Não sei o que é perder um filho e já disse uma vez que aquilo que tenho de mais próximo de ser mãe é mesmo o facto de ter um afilhado. Imaginá-lo a passar por tudo isto sufoca-me, por isso consigo compreender um bocadinho da dor daqueles pais. E digo um bocadinho porque nunca saberemos o quanto a dor os consome, mesmo que tentemos imaginar.
    Foi uma guerreira e agora pode descansar*

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  4. Tenho dois filhos e não consigo me imaginar a ficar sem eles! Tudo o que aqueles pais passaram, a dor que estão a sentir! È muito doloroso :-(

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  5. Uma princesa inspiradora.

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